A Ageas Seguros juntou, em Castelo Branco, dezenas de gestores e empresários para debater a importância da prevenção de riscos, o papel da sustentabilidade ambiental e da atração de mão-de-obra em cenário de escassez.
A receita para as empresas do futuro parece ser simples, mas ainda assim de complexa execução - é preciso ser mais sustentável, ter políticas inovadoras de recursos humanos e, sobretudo, antecipar riscos conjunturais para manter a competitividade, anuncia o jornal Dinheiro Vivo. Em mais uma edição do Fórum PME Global, organizado pelo Grupo Ageas, os desafios e as oportunidades para as empresas do distrito de Castelo Branco, que recebeu o evento, foram o tema principal. "Este concelho padece de problemas semelhantes ao resto do país, como o envelhecimento da população, desertificação ou fuga [do talento] para as cidades e para o exterior. Mas tem coisas extremamente positivas", considera o bastonário da Ordem dos Economistas, um dos oradores convidados.
António Mendonça referia-se a "indústrias e atividades económicas que são referência" na região, como nas áreas do frio (representada pela Centauro), dos laticínios (com a presença da Schreiber Foods/Danone) ou dos componentes para automóveis (encabeçada pela Aptiv). Mas, continua, existem potencialidades que podem, e devem, ser exploradas, nomeadamente nos setores agroalimentar, agroflorestal, têxtil ou turismo. Por outro lado, refere o líder dos economistas, a centralidade geográfica face ao mercado ibérico abre portas a um importante número de consumidores e potenciais clientes, com a proximidade a Lisboa, Porto e Madrid a servir de vantagem competitiva. "A região tem muito que apostar na integração ibérica", reforça.
Para o especialista, o mapeamento de oportunidades é particularmente relevante para as organizações regionais numa altura em que, a nível internacional e nacional, o contexto económico acrescenta desafios à economia. "Se olharmos para as previsões deste trimestre, verificamos que a zona euro entrou em recessão. A Alemanha entrou em recessão técnica porque tem dois trimestres de crescimento negativo", sublinha ainda António Mendonça, que considera curioso, porém, o facto de o investimento no país continuar a aumentar. Tendo em conta que, globalmente, se acentua uma alteração das forças, com as economias emergentes a representar "mais de 70% da economia global", o economista considera "muito difícil" fazer previsões sobre como evoluirá a situação internacional.
A nível interno, as previsões apontam para um crescimento de 2,6% do PIB em 2023 e, apesar das dificuldades causadas pela inflação às famílias, o aumento dos preços "está a servir para encher os cofres ao Estado e reduzir a dívida pública". António Mendonça não tem dúvidas: nem tudo é negativo, mas é preciso prudência na gestão dos negócios.
Consciente da importância de inovar e diversificar áreas de negócio, a Ageas Portugal tem vindo a apostar na comercialização do serviço PAR - Prevenção e Análise de Risco, uma forma de consultoria, gratuita, prestada às organizações. O objetivo, garante Francisco Erse, responsável de PME & Corporate do grupo, "é promover esta cultura de sustentabilidade e prevenção" para diminuir a necessidade de ativar coberturas de seguro. A vantagem para a seguradora é evidente, mas, assinala, também para os empresários - "vemos que os custos indiretos [não cobertos pela apólice] valem quatro vezes mais do que os diretos". "A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho aponta que em cada euro investido [em prevenção] há um retorno de 2,20 euros", exemplifica. Adicionalmente, os negócios podem ter uma vantagem na redução do prémio do seguro, caso a avaliação de risco seja positiva ou se as recomendações que daí resultarem forem implementadas.
A Twintex, sediada no Fundão, foi a vencedora do Prémio Inovação na Prevenção, da seguradora, por ter adotado uma série de medidas na área da sustentabilidade e da gestão de recursos humanos. "Temos painéis fotovoltaicos que produzem 55% da nossa energia", exemplifica Beatriz Tavares, responsável de marketing da empresa têxtil. As políticas para a atração e retenção do talento são, também, um "orgulho", desde logo pela aposta na integração de colaboradores de 15 nacionalidades. "Foi a maneira que encontrámos para dar resposta à falta de mão-de-obra. Aceitamos a diferença, isso é muito importante", diz.
Tal como planos para a melhor utilização de recursos como a água, a contratação tem sido um desafio para a Beirabaga, dedicada à produção de frutos vermelhos em Castelo-Branco, Odemira e Algarve. "As gerações mais jovens [de portugueses] não querem trabalhar na agricultura. O recrutamento tem sido muito à base de migração com nepaleses, indianos, paquistaneses e tailandeses", explica David Horgan, diretor de operações do grupo.
"Castelo Branco tem um grande potencial no setor das renováveis", sublinha Carlos Coelho. O diretor-executivo da Greenvolt, empresa que é "líder" na produção descentralizada de energia, confirma que a região, que atualmente produz 10% da energia eólica do país, tem "uma oportunidade de ouro" para se destacar neste mercado. A zona pode, detalha, "hibridizar" os parques eólicos para juntar "sol ao armazenamento" de energia, mas também tirar partido do dinamismo empresarial regional para "organizar as empresas e criar instalações de autoconsumo coletivas". Planear o futuro, tornar a gestão de custos mais eficiente e aumentar a competitividade deve ser, defendem os participantes do evento, a prioridade para os gestores.
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