Trabalhadores de call centers em Castelo Branco decidiram hoje marcar uma greve que abrange todo o mês de agosto, exigindo mais tempo de pausa, aumentos salariais e atualização do subsídio de refeição, afirmou dirigente sindical.
Num plenário em que participaram cerca de 130 trabalhadores, onde estavam representados todos os call centers de Castelo Branco, ficou decidido marcar greve “durante todo o mês de agosto”, sem definir um dia ou prazo concreto, para todas as empresas do setor no distrito, afirmou à agência Lusa a dirigente nacional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV), Carina Caetano.
Segundo a dirigente, a ideia de não propor um dia concreto permite aos trabalhadores avançar para um ou mais dias de greve que possam ter mais impacto na empresa onde trabalham, num mês que é “de sobrecarga e de muito, muito trabalho”, onde até costumam ser recusadas férias.
“Depois, entre os trabalhadores, definem qual é que é o período em concreto em que irão incidir a sua greve”, aclarou.
No distrito, há mais de mil trabalhadores em cerca de dez empresas de call centers, normalmente subcontratadas para prestar serviço de marketing, vendas ou de apoio a cliente a outras empresas, referiu, notando que o setor tem vindo a aumentar na região.
Entre as exigências dos trabalhadores, está a defesa de um aumento salarial de 80 euros já em julho, num setor que paga apenas o salário mínimo nacional tanto ao funcionário que está há um mês ou há 20 anos, afirmou Carina Caetano, salientando que o trabalho é de desgaste rápido e exige muitos conhecimentos e qualificações.
Uma harmonização do subsídio de refeição praticado nas empresas que passe para um valor de cerca de oito euros, um subsídio de línguas (muitos trabalhadores têm de saber e usar mais do que uma língua no trabalho) e a dispensa de trabalho no dia de aniversário são outras das reivindicações dos trabalhadores.
Além disso, é também defendido um aumento do tempo de pausa, que atualmente é, em média, de três minutos por hora nas empresas de call centers do distrito, disse.
“[Os trabalhadores] têm três minutos por hora que têm de gerir para comer, para descansar, para fumar para quem fuma, para ir à casa de banho”, afirmou Carina Caetano, referindo que é exigida uma atualização para um mínimo de cinco minutos por hora, apesar de o ideal ser dez minutos por hora, algo praticado noutros países da Europa.
Além destas reivindicações, Carina Caetano considerou que seria importante estes trabalhadores passarem para as empresas utilizadoras e não haver recurso à externalização e assegurarem um acordo coletivo de trabalho, num setor que já emprega mais de 100 mil trabalhadores no país.
“Não há um instrumento de regulamentação coletiva”, constatou.
A dirigente do SINTTAV considerou ainda que a própria Câmara de Castelo Branco, que cedeu edifícios para este tipo de empresas, deveria “fazer pressão” junto das firmas para “melhorarem as condições de trabalho” e também assegurar outro tipo de condições nas próprias infraestruturas cedidas, com queixas de trabalhadores quanto aos acessos e falta de pontos de água.
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