Projetos de centrais fotovoltaicas contestados na Beira Baixa

Cidadãos da Beira Baixa contestam os projetos das centrais fotovoltaicas Sophia e Beira, consideradas uma ameaça para “milhares de hectares de território natural e rural” entre Fundão, Penamacor, Idanha-a-Nova e Castelo Branco.

  • Região
  • Publicado: 2025-11-09 07:00
  • Por: Diário Digital Castelo Branco/Lusa

De acordo com o “Manifesto pela Beira Baixa”, estes projetos “configuram violação dos princípios de precaução e proporcionalidade, abrindo caminho ao que o direito internacional começa hoje a reconhecer como ecocídio”, ou seja, “a destruição deliberada e em larga escala de ecossistemas vitais”.

Os promotores do manifesto consideram que as “mega centrais fotovoltaicas” podem vir a “transformar profundamente o uso do solo e da paisagem” e “levantam graves preocupações ambientais, económicas, sociais e culturais, especialmente pela sua dimensão e pela localização em áreas de elevada sensibilidade ecológica”.

“O verdadeiro desafio da transição energética é produzir energia limpa sem sacrificar os ecossistemas, as comunidades e as paisagens que sustentam a vida”, defendem.

Na sua opinião, existem alternativas: “locais já artificializados (autoestradas, linhas férreas, áreas industriais) e soluções que respeitam o território, gerando benefícios para um alargado número de particulares e empresas regionais, como o agro fotovoltaico e as comunidades energéticas”.

Assumindo o compromisso de “cuidar das pessoas, dos animais, dos rios, das árvores e dos modos de vida”, para “deixar às gerações vindouras uma Beira Baixa viva, fértil e respeitada”, prometem não baixar os braços e marcaram manifestações para o próximo sábado, no Fundão e em Castelo Branco.

“Este compromisso reflete-se não só no envolvimento em manifestações, como em esforços mais localizados em aldeias, junto das populações, abarcando grupos etários diversos, instituições, poder local, tecido empresarial, agentes de turismo, e organizações culturais, entre outros”, explicam.

Os promotores do manifesto alertam que “estes projetos põem em causa a estratégia de desenvolvimento sustentável prosseguida na região”, defraudam “as expectativas de muitos particulares e empresas” e comprometem “o potencial económico da Beira Baixa”, que inclui uma Bio-região, o Geopark Naturtejo, as áreas protegidas da Serra da Gardunha e do Tejo Internacional, as Aldeias de Montanha e as Aldeias Históricas de Portugal.

“Os postos de trabalho prometidos são temporários e os lucros concentram-se nas empresas promotoras, alheias à região. Em contrapartida, os impactos negativos sobre setores duradouros — agricultura sustentável, turismo de natureza, produção local — são profundos e prolongados e afetam os que cá vivem”, alertam.

Aos cidadãos, empresas e instituições pedem que, no que respeita ao projeto Sophia, participem na consulta pública que decorre até ao dia 20, “rejeitando-o de modo fundamentado”.

Relativamente ao projeto Beira, cuja consulta pública terminou no dia 09 de outubro, apelam que “se mantenham atentos e mobilizados, pois o processo continua e a contestação permanece necessária”.

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