Palestra em Castelo Branco pergunta “O que viu, em 1510, Duarte D’Armas?”

A Real Associação da Beira Interior, organizou uma palestra subordinada ao tema “O que viu em 1509, Duarte de Armas”, evento que teve o apoio da Junta de Freguesia de Castelo Branco, o orador convidado foi o investigador Júlio Vaz de Carvalho, a palestra decorreu no edifício da Junta de Freguesia de Castelo Branco.

  • Cultura
  • Publicado: 2019-11-18 00:00
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

A Real Associação da Beira Interior, organizou uma palestra subordinada ao tema “O que viu em 1509, Duarte de Armas”, evento que teve o apoio da Junta de Freguesia de Castelo Branco, o orador convidado foi o investigador Júlio Vaz de Carvalho, a palestra decorreu no edifício da Junta de Freguesia de Castelo Branco.

Na Mesa esteve o Presidente da Junta de Freguesia de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues e o Presidente da Juventude Monárquica da Real Associação da Beira Interior, Rui Mateus.

Segundo informação a que o Diário Digital teve acesso, Júlio Vaz de Carvalho, nasceu em Castelo Branco, perto da zona do castelo, desde há 20 anos, que se interessa pelos castelos medievais. Em relação ao Castelo de Castelo Branco, este não chegou a ser reconstruido como foram alguns nas restantes localidades de Portugal.

Pouco se sabe de Duarte de Armas, que era filho de Rui de Veiros de Santarém, era de origem moçárabe, era armeiro-mor, serviu a corte do Rei Dom Manuel I e terá deixado descendência na ilha do Corvo – Açores, que a mando D’El-Rei recebeu ordens para fazer o levantamento dos castelos da Raia Portuguesa. Damião de Góis faz referência a Duarte de Armas nas Cronicas D’ El-Rei Dom Manuel I.

No Reinado de Dom Manuel I, Século XVI, Portugal estava num grande período de Expansão, no entanto o Reino de Castela e Leão (1492 Reino de Espanha), estava num período expansionista mais lento em relação ao Reino de Portugal, pois só no final do Século XV foi conquistado o Reino muçulmano de Granada. Já há cerca de 500 anos havia a preocupação com o esvaziamento do interior de Portugal Continental, portanto o Rei Dom Manuel I contratou o seu armeiro-mor para fazer um levantamento de todos os castelos da Raia.

O que tem preocupado os historiadores, nomeadamente Alves Dias, é o facto de Duarte de Armas ter feito o levantamento de todos os castelos da Raia, num período muito curto de um a dois anos, pois era mito difícil para a época, reparem que a viagem era a cavalo num viagem de cerca de 900 km, com o levantamento de todo o inventário e o desenho das fortalezas, neste Século XVI havia a travessia de rios, os coutos de homiziados, os salteadores e muitos obstáculos para percorrer o território continental. O que talvez seja bem provável é o facto de Duarte de Armas, a mando D’El-Rei Dom Manuel I ter pedido aos responsáveis dos castelos para lhe enviarem o desenho da fortaleza e o seu inventário.

Existem dois Códex sobre o trabalho de Duarte de Armas, um está em Espanha e outro em Portugal, o Códex mais completo é o Português.

Durante a palestra falou-se do Castelo de Castelo Branco, referindo-se às medidas da época – a Vara de 1,05 metros, a alcáçova, a muralha defensiva, o palácio dos alcaides, a torre de menagem, as portas e a muralha defensiva. Três situações têm de ser desmitificadas por serem repetidamente apresentadas como “verdades”, a saber:

O que resta do castelo do séc. XVI apresenta dois torreões, que há mais de um século são designadas, recorrentemente, torre de menagem ou torre dos templários. Ora a torre de menagem, hexagonal irregular, desapareceu nas primeiras décadas do séc. XX e dela só existirão as fundações, escondidas no subsolo, carecendo de confirmação através de sondagens arqueológicas. As duas torres existentes, uma é de concepção românica e trata-se de um torreão flanqueante, enquanto aquele que serve de ex-libris da cidade, mais não é que um torreão adossado ao antigo Paço dos Alcaides. Este último aliás não tem a configuração que tinha, antes do restauro do final da década de 40 do século passado.

Ao contrário do que é repetidamente dito, nem o castelo e a antiga vila, depois cidade, foram alguma vez inexpugnáveis. A prova-lo está o facto de não serem conhecidas batalhas ou cercos em Castelo Branco e urbe e fortaleza terem sido facilmente invadidas durante a anexação de Portugal pelo Reino de Espanha, no Século XVI, mais tarde, nos séculos XII e XVIII, durante as guerras da Restauração, Sucessão de Espanha e finalmente, durante as invasões francesas, já no Séc. XIX.

O castelo é denominado dos Templários, de forma errada já que são poucas as estruturas que estão à vista no que restou da fortaleza. A maioria dos vestígios do castelo Templário aguarda no subsolo serem estudados pela arqueologia. O actual castelo é o pouco que resta da fortaleza quinhentista imortalizada por Duarte D’Armas. 

A razão da existência do castelo de Castelo Branco, quando já existiam mais de 20 fortalezas quando foi fundada a vila de Castelo Branco, no século XIII, deve-se talvez mais ao facto de se ter ali instalado um importante ponto de gestão Administrativa e Militar da Ordem do Templo (mantendo Tomar como a sede Espiritual), já que D. Frei Pedro Alvares Alvito foi Mestre Provincial, simultaneamente, nos reinos de Portugal, Leão e Castela. Assim, a reunião dos seus subordinados dos reinos vizinhos, teriam maior facilidade de rapidamente se reunirem ao serem convocados, além de estar mais próximo dos mesmos, o que não aconteceria em Tomar. Recorde-se que, pelo menos 9 Capítulos Gerais da Ordem dos Templários, nos últimos cem anos da sua existência, realizaram-se em Castelo Branco.

 

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