Municípios do interior continuam a comprar jornais para equipamentos culturais e serviços

Municípios dos distritos onde a Vasp admite deixar de distribuir jornais temem que a medida acentue as assimetrias regionais nos territórios, onde asseguram diariamente a compra de títulos nacionais e regionais para serviços autárquicos, escolas ou equipamentos culturais.

  • Região
  • Publicado: 2025-12-21 18:45
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

A eventual interrupção da distribuição de jornais poderá “agravar assimetrias territoriais e contribuir para o isolamento informativo das populações do interior”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues, um dos oito distritos onde a VASP poderá fazer ajustamentos na distribuição.

A câmara e a Biblioteca Municipal António Salvado são assinantes de jornais nacionais (Correio da Manhã, Público, Expresso, Jornal de Notícias, Jornal de Letras, Jornal Tribuna Desportiva, Bola, Record, Visão, National Geographic, TV 7 Dias e Caras).

No total, o município tem 21 assinaturas entre os títulos nacionais que anualmente atingem os dois mil exemplares e que, em conjunto com os regionais, somam mais de 11 mil exemplares anuais.

A autarquia apela à procura de alternativas que minimizem o impacto sobre editores, pontos de venda e populações, e de soluções que salvaguardem a continuidade da distribuição, garantindo que “os cidadãos do interior não sejam privados do direito fundamental à informação e ao acesso livre e plural a uma imprensa atual e de qualidade”.

Igual posição é assumida pelo homólogo de Mogadouro, António Pimentel, para quem suspender a distribuição seria “mais uma machadada na coesão territorial e na dinamização do interior”.

“Os jornais terão de chegar diariamente às sedes de concelho do interior”, vincou o presidente do município do distrito de Bragança, que adquire jornais diários e semanários regionais para a câmara e biblioteca municipal, num investimento anual de 1.500 euros. São adquiridos os regionais Mensageiro de Bragança e Jornal Nordeste e o nacional Jornal de Notícias.

Na biblioteca, além destes, são disponibilizados o Público e o Jornal de Letras e as revistas TV 7 Dias, Visão, Caras, Super Interessante, Visão Júnior e Exame Informática.

Em Vila Real a câmara investe anualmente 3.490 euros em títulos para o gabinete de comunicação e para a biblioteca municipal, entre eles os nacionais Público, Jornal de Notícias, Diário de Noticias, um desportivo, o semanário Expresso e as revistas Visão e Ler (mensal), bem como os locais A Voz de Trás-os-Montes e o Notícias de Vila Real.

Segundo a autarquia, só para o gabinete de comunicação são adquiridos anualmente 936 jornais, entre dois diários nacionais e os semanários locais, num custo de 864 euros.

A Câmara da Guarda não especificou o investimento, mas compra para o gabinete da presidência dois diários nacionais (Público e Jornal de Notícias), o Expresso e “alguma outra publicação periódica esporádica de que a presidência necessite”.

O município assina três jornais locais (O Interior, A Guarda e Jornal do Fundão) para o gabinete da presidência e para os gabinetes dos três vereadores com pelouros.

Assina ainda os dois títulos locais para o Teatro Municipal da Guarda (que os disponibiliza no café concerto). Para a Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço compra 11 publicações, cinco dos quais regionais (O Interior, A Guarda, Jornal do Fundão, Praça Alta e Magazine Serrano). Os restantes são o Público, A Bola, Record, Jornal de Letras, Le Monde Diplomatique e Expresso.

No distrito de Beja, a Câmara de Castro Verde gasta 601,25 euros mensalmente na aquisição de jornais e revistas para as bibliotecas municipal e escolar, adiantou o vice-presidente, David Marques.

Na Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca, garante-se a leitura de quatro jornais nacionais, dois regionais e nove revistas de diversas áreas. Já na biblioteca escolar estão disponíveis dois jornais diários e uma revista semanal.

No distrito de Évora, Viana do Alentejo disponibiliza jornais para o gabinete de apoio à presidência da câmara e para as três bibliotecas municipais.

A autarquia precisou que a compra de revistas e jornais nas papelarias representa uma verba total de 430 euros por mês.

Além disso, gasta 576 euros na assinatura anual de um jornal regional cujos exemplares são distribuídos nas três bibliotecas e no gabinete de apoio à presidência.

Ainda no Alentejo, em Arronches, distrito de Portalegre, o município adquire de segunda a sexta-feira jornais e revistas para distribuir pelas bibliotecas municipais e juntas de freguesia, que, por sua vez, os distribuem pelos centros de lazer.

À Lusa, o presidente, João Crespo, disse que algumas associações e coletividades locais compram também jornais para os seus espaços, desconhecendo se tal acontece nas redes escolares.

“Nos dias úteis compram-se jornais e revistas. Ao fim de semana não, vendem-se sempre menos jornais e penso que o único espaço comercial que vende jornais não abre aos domingos”, explicou.

A exceção à oferta de jornais adquiridos pelo poder local acontece, por exemplo, no município de Tondela, no distrito de Viseu, onde nem no edifício da câmara nem na biblioteca podem ser folheados títulos nacionais.

Na Escola Secundária de Molelos, no agrupamento Cândido de Figueiredo, os alunos têm diariamente acesso ao jornal Público e no agrupamento Tomaz Ribeiro são disponibilizados jornais regionais, apurou a Lusa.

No início do mês, a administração da Vasp informou estar a avaliar a necessidade de fazer ajustamentos na distribuição diária de jornais nos distritos de Beja, Évora, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real e Bragança.

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