Associação Ibérica de Turismo Interior (AITI) considera lamentável a decisão do Ministério de Transportes e Mobilidade Sustentável de Espanha de negar autorização a uma ligação penínsular proposta pela FlixBus entre a Extremadura e Portugal.
A decisão, tomada sem consulta prévia à Junta da Extremadura, confirma um padrão conhecido: o Interior permanece sistematicamente ausente do centro das decisões que determinam a vida de quem aqui estuda, trabalha e investe.
Em comunicado de imprensa, a AITI recorda que foi a própria entidade que iniciou as conversas com a FlixBus para a conceção desta solução, delineada sem encargos para o erário público e orientada para o interesse geral das populações de fronteira. Para os municípios portugueses abrangidos, a ligação representa um reforço real de conetividade diária, acesso a serviços, capacidade de atração de investimento e dinamização do turismo — ganhos concretos, hoje adiados.
Traçado proposto (Portugal–Extremadura): Castelo Branco → Termas de Monfortinho → Moraleja → Cáceres → Mérida → Badajoz (Aeroporto) → Elvas → Portalegre → Castelo Branco.
Este corredor integra centros urbanos, polos administrativos, equipamentos de saúde e um nó aeroportuário, estruturando uma resposta diária e bidirecional às necessidades de residentes, empresas e visitantes. Impacto no ensino superior. Ao longo desta rota existem seis pólos universitários que não dispõem de qualquer alternativa ao automóvel. Num contexto em que tanto se invoca a mobilidade sustentável e a redução da pegada carbónica, é inaceitável que milhares de estudantes, docentes e trabalhadores do conhecimento continuem dependentes do transporte individual para cumprir funções essenciais. A coesão territorial não pode ser um princípio seletivo.
A AITI refere que gostaria de ver um envolvimento muito maior — e público — dos municípios portugueses abrangidos por esta rota, por o considerar imprescindível ao desenvolvimento dos territórios de interior. Até ao momento, não se ouviu um apoio claro a este projeto, nem se registaram iniciativas junto do Governo de Espanha e das instituições da União Europeia para corrigir o rumo da situação. Quem dirige estes territórios deve adotar uma postura diferente: a mobilidade, a competitividade e a qualidade de vida exigem ação concertada e cooperação transfronteiriça efetiva. Não se governa em “ilhas”.
A AITI reafirma a sua total disponibilidade para colaborar com as autoridades nacionais e autonómicas, com os municípios e com os operadores, de modo a transformar esta proposta em serviço efetivo para as pessoas e para a economia real do Interior. Primeiro as pessoas e os territórios. Sem Interior conectado, não há verdadeira coesão
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