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Idanha-a-Nova: Oliveiras milenares de Idanha-a-Velha originam projeto de oleoturismo

Na aldeia histórica de Idanha-a-Velha, dois produtores de azeite estão a desenvolver um projeto de oleoturismo que tem na sua génese oliveiras milenares, duas delas com 1.620 e 1.030 anos.

  • Economia
  • Publicado: 2021-11-15 19:00
  • Por: Diário Digital Castelo Branc com Lusa

Este projeto no concelho de Idanha-a-Nova, pelas mãos de Tiago Lourenço e Ricardo Araújo, pretende dar uma nova dinâmica a esta aldeia histórica.

“A ideia surgiu quando andava a podar as árvores da nossa quinta. Temos algumas árvores que estão aqui ao longo de séculos e milénios, a alimentar todas estas gerações e civilizações, desde os romanos, as invasões bárbaras, muçulmanos e período da reconquista. A árvore mais antiga que foi encontrada até agora tem 1.620 anos”, referiu Tiago Lourenço.

Tiago Lourenço e Ricardo Araújo nasceram em Lisboa e não têm qualquer ligação familiar à Beira Baixa e a Idanha-a-Nova, onde se instalaram, o primeiro há cerca de cinco anos e meio, e o segundo há 14 anos.

Decidiram abandonar Lisboa e dar um novo rumo às suas vidas. O foco era mesmo largar a vida da cidade e a olivicultura foi uma consequência desta vontade de mudar.

Tiago Lourenço tinha estado uma única vez em Idanha-a-Nova, aos 19 anos. Ficou apaixonado pela região e há cinco anos e meio decidiu, juntamente com a sua mulher e os dois filhos, rumar para este concelho raiano.

Atualmente, Tiago vive em Penha Garcia e Ricardo em Ladoeiro. Trabalham numa quinta com 180 hectares, em Idanha-a-Velha, onde criaram uma empresa ligada à olivicultura, a Real Idanha, que comercializa a marca de azeite biológico premium ‘Egitânia’.

A datação das oliveiras foi feita recentemente: “Datámos, para já, seis árvores, a mais velha com 1.620 anos e a mais recente com 350 anos. Vamos desenvolver o oleoturismo, mas sempre com uma visão da quinta”.

Segundo Tiago Lourenço, após a datação das seis oliveiras que estão dentro de Idanha-a-Velha, a ideia passa por criar um percurso dentro da própria localidade, que possa contar a sua história.

“Cremos que com estas seis árvores já conseguimos cobrir um período bastante interessante da história de Idanha-a-Velha. A ideia é a de que quem vem ao nosso território possa conhecer a indústria do azeite. Além dos dois núcleos museológicos que temos, o lagar de varas de Idanha-a-Velha e o núcleo museológico de Proença-a-Velha, já têm, pelo menos, uma quinta para visitar onde se produz azeite de alta qualidade e temos uma aldeia histórica”, frisou.

A ideia que está na génese deste projeto de oleoturismo passa por contar a história de Idanha-a-Velha através das oliveiras milenárias e centenárias que estão plantadas na própria aldeia.

“Queremos também mostrar a importância da preservação do olival tradicional porque está ali a evidência de que tem sido uma base de toda a economia e sustentabilidade dos povos que aqui passaram”, sublinha.

O sistema de datação das oliveiras foi desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) e é dinamizado por uma empresa particular, a Oliveiras Milenares, parceira no projeto dos dois empresários.

“Isto é um processo científico. Conseguimos datar [as oliveiras] com uma margem de erro de um a dois por cento”, explicou.

Tiago Lourenço disse que este projeto de oleoturismo e a criação deste percurso dentro da aldeia histórica é mais uma forma de cativar as pessoas.

“Acima de tudo, estamos centrados no desenvolvimento da região e com uma visão mais territorial. Em termos regionais, queremos dar relevo ao azeite da Beira Baixa e contribuir para o desenvolvimento da única biorregião do país”.

O empresário realçou que, da mesma forma que existe toda uma indústria turística ligada ao vinho, “há um grande potencial em replicar essa estrutura ligada à produção do azeite, ou seja, as quintas de azeite de alta qualidade podem perfeitamente ter o mesmo fascínio do que uma quinta vinícola”.

A criação deste primeiro percurso na aldeia histórica de Idanha-a-Velha é a primeira fase daquilo que Tiago Lourenço e Ricardo Araújo têm como visão para o desenvolvimento do oleoturismo na região.

A ideia que está na génese deste projeto de oleoturismo passa por contar a história de Idanha-a-Velha através das oliveiras milenárias e centenárias que estão plantadas na própria aldeia.

“Queremos também mostrar a importância da preservação do olival tradicional porque está ali a evidência de que tem sido uma base de toda a economia e sustentabilidade dos povos que aqui passaram”, sublinha.

O sistema de datação das oliveiras foi desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes (UTAD) e é dinamizado por uma empresa particular, a Oliveiras Milenares, parceira no projeto dos dois empresários.

“Isto é um processo científico. Conseguimos datar [as oliveiras] com uma margem de erro de um a dois por cento”, explicou.

Tiago Lourenço disse que este projeto de oleoturismo e a criação deste percurso dentro da aldeia histórica é mais uma forma de cativar as pessoas.

“Acima de tudo, estamos centrados no desenvolvimento da região e com uma visão mais territorial. Em termos regionais, queremos dar relevo ao azeite da Beira Baixa e contribuir para o desenvolvimento da única biorregião do país”.

O empresário realçou que, da mesma forma que existe toda uma indústria turística ligada ao vinho, “há um grande potencial em replicar essa estrutura ligada à produção do azeite, ou seja, as quintas de azeite de alta qualidade podem perfeitamente ter o mesmo fascínio do que uma quinta vinícola”.

A criação deste primeiro percurso na aldeia histórica de Idanha-a-Velha é a primeira fase daquilo que Tiago Lourenço e Ricardo Araújo têm como visão para o desenvolvimento do oleoturismo na região.

O projeto final engloba não só o percurso na aldeia, como também a visita a quintas, estadas ligadas ao oleoturismo e, por último, a interligação de Portugal com Espanha.

“Tenho um bom relacionamento com lagares espanhóis da zona de Valverde del Fresno. A ideia é que quem venha visitar depois possa também ir a Espanha e visitar o lado de lá, conhecer os azeites deles e abrir a porta para que os espanhóis também possam vir para o nosso território”, sustentou.

Para já, em termos de operacionalização, já se podem fazer visitas, contactando os empresários portugueses através das redes sociais, sobretudo o Facebook da Azeite Egitânia.

“Se alguém quiser fazer o percurso e visitar a quinta já podemos fazer. De qualquer forma, o projeto está ainda numa fase embrionária. Vamos fazer também a identificação das árvores [oliveiras] com placas e com a contextualização histórica para que o percurso possa também ser feito de forma autónoma”, frisou.

Tiago Lourenço disse esperar que daqui a um ano o projeto já esteja em funcionamento: “O foco é esse. Mas, a visita à aldeia, quinta e provas de azeite pode já ser feito”.

Os dois empresários estão atualmente a explorar um total de 195 hectares de olival tradicional de sequeiro (180 em Idanha-a-Velha e 15 hectares em Ladoeiro) e produzem azeite biológico premium, com as variedades endémicas da região.

“Os olivais tradicionais de sequeiro estão a atravessar uma fase crítica. Os intensivos vieram criar uma pressão ao nível de preço. Conseguem produzir azeite a preços irrisórios face aos olivais tradicionais que deixaram de ser competitivos. Temos que reinventar o olival tradicional porque de outra forma vai ser abandonado. Sabemos que temos aqui mais ou menos uma década para arranjar uma solução para manter estes olivais produtivos”, disse.

“Os olivais tradicionais de sequeiro estão a atravessar uma fase crítica. Os intensivos vieram criar uma pressão ao nível de preço. Conseguem produzir azeite a preços irrisórios face aos olivais tradicionais que deixaram de ser competitivos. Temos que reinventar o olival tradicional porque de outra forma vai ser abandonado. Sabemos que temos aqui mais ou menos uma década para arranjar uma solução para manter estes olivais produtivos”, disse.

Tiago Lourenço e Ricardo Araújo produzem azeite em modo biológico e tiveram que encontrar uma “solução inteligente” para tornar a produção competitiva.

Para isso, reintroduziram o pastoreio de ovinos nos 180 hectares da quinta, conseguindo, desta forma, “uma redução imensa” nos custos da manutenção do olival.

As 230 ovelhas de raça merino da Beira Baixa e merino preto alentejano limpam os pastos e os rebentos das árvores, permitindo obter 80% de redução nos custos de manutenção.

Outra mais valia é a de que esses pastos são transformados em estrume assimilável.

“Conseguimos manter uma cobertura vegetal permanente nos terrenos, evitando a erosão. A outra parte é que, como os olivais tradicionais e biológicos têm menos produção, a receita em azeite que é gerada por um olival tradicional não é suficiente para o manter viável financeiramente. E os ovinos são um complemento. A venda dos borregos gera um equilíbrio na balança financeira da empresa”, explicou.

Tiago Lourenço disse que, anualmente, a produção de azeite biológico (produto de excelência premium) da Real Idanha situa-se em cerca de quatro mil litros, sendo que 70% é exportado para mercados ‘gourmet’ específicos de França, Suíça, Inglaterra e Alemanha.

“Conseguimos produzir uma qualidade muito superior, um produto de valor acrescido. Temos um produto de alta qualidade e o mercado para ele. No nosso caso, tem sido maioritariamente a exportação. Estamos a crescer anualmente. A produção tem que crescer a par das vendas. São mercados ‘gourmet’ muito específicos. O azeite é comercializado a uma média de 20 euros/litro ao consumidor final. Tem que ter muita qualidade”, concluiu.

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