A Real Associação da Beira Interior (RABI) , organizou uma palestra subordinada ao tema – “Já Leram a Poesia em Prosa de Alexandre Herculano?”, no passado dia 23 de Outubro.
O evento que teve o apoio da Câmara Municipal de Castelo Branco e decorreu na Biblioteca Municipal, onde o orador convidado foi o albicastrense, investigador, professor e poeta António Salvado,
Segundo a informação enviada ao Diário Digital Castelo Branco na mesa também esteve o orador e o Vice-Presidente da Real Associação da Beira Interior, Luís Duque-Vieira.
Começou António Salvado por recordar duas palestras da série “Já Leram a Poesia de…?”, uma consagrada poesia de Alexandre Herculano e a outra amorosa de Almeida Garrett, há largos meses pronunciadas na Biblioteca Municipal de Castelo Branco, modelando, em seguida, as respectivas personalidades de cidadãos e escritores dos dois introdutores do romantismo em Portugal, e não esquecendo de acentuar as profundas diferenças no percurso humano e no itinerário criativo de Herculano e de Garrett.
Dividiu António Salvado a sua prelecção nas seguintes partes: elementos preponderantes da biografia de Herculano; o eixo do conteúdo do romance “Eurico o Presbítero” (o livro que será objecto essencial da análise), as características puramente “românticas” desta obra de Herculano, os critérios definidores do que se entende por prosa poética ou poema em prosa; e, finalmente a leitura comentada das passagens de “Eurico o Presbítero”, passivas de serem consideradas como exemplificações do poema em prosa.
Resumidamente, elevemos em cada uma das partes os segmentos essenciais. Alexandre Herculano nasceu em 1810, em Lisboa e faleceu em Vale de Lobos (Santarém) em 1877. Causa de enorme espanto como futuro notabilíssimo historiador haveria de ser, também, um homem de acção sempre atento aos problemas do seu país. As suas origens humildes não lhe impediram de acumular como autodidacta, uma cultura extraordinária. Adverso ao regime miguelista conheceu a amargura do exílio. Voltando a Portugal, faz parte dos Bravos do Mindeb que conquistaram o Porto, instaurando o liberalismo. Após vicissitudes, vai para Lisboa, começando a desenvolver a sua inimaginável produção de escritor. Entrou na vida pública, mas repudiou sempre a acção de qualquer governo que considera-se demagógico. Indicou António Salvado os títulos dos seus livros, as polémicas e as críticas que alguns motivaram, o seu conceito de História, a sua frontalidade no modo como encarou adversidades e o seu retiro para a quinta de Vale de Lobos, onde se fez lavrador e morreu.
Resumiu António Salvado, em seguida, o entrudo do romance, verticalizando os motivos da queda da monarquia visigoda e a conquista da Península pelos árabes, o começo da reconquista cristã sobe a acção de Plágio, irmão de Hermengarda pela qual o humilde cavaleiro Eurico se apaixona. O amor contraído, das diferenças sociais e a atitude da Curia ao abraçar o sacerdócio e passando a viver em lugar distante. Aqui, surge Eurico como poeta, tecendo amargados cânticos de solidão e tristeza. Depois, enverga o traje de cavaleiro negro, destemido, que então ao lado de Plágio liberta Hermengarda tornada prisioneira dos árabes. Reencontram-se os dois apaixonados e Plágio, revela a identidade do cavaleiro negro, concorda agora com o casamento da irmã com Eurico. Mas os votos de Eurico impedem que tal aconteça. Hermengarda enlouquece e Eurico desaparece.
Aponta depois, António Salvado, as características puramente românticas do romance de Herculano, divagando ainda sobre as tónicas definidoras da prosa poética (particularizando, com exemplos retirados do romance, as numerosas figuras de estilo que enriquecem o livro de Herculano. Após o que, e pela vez de Maria de Lurdes Gouveia Barata (Milola), ouvimos belíssimas passagens dos poemas em prosa emanados da profunda melancolia de Eurico e materializados superiormente pelo estudo de Alexandre Herculano. Passagens que, de quando em quando, António Salvado comentara.
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