Incêndios: Restauro de Habitats e prevenção estrutural no Monumento Natural das Portas de Ródão

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), pela Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo, está a desenvolver trabalhos de restauro de habitats e prevenção estrutural contra incêndios no Monumento Natural das Portas de Rodão, área protegida que abrange os concelhos de Vila Velha de Ródão e Nisa, na sequência do incêndio de 2017 que consumiu cerca de 70% desta área protegida, com destruição de vários habitats característicos e prejuízos para a paisagem e para a biodiversidade.

  • Região
  • Publicado: 2021-03-10 00:00
  • Por: Diário Digital Castelo Branco
Com o objetivo de preservar as espécies e habitats naturais, a proteção e valorização da paisagem, a valorização dos sítios de interesse arqueológico e geológico, a manutenção da integridade deste monumento natural e área adjacente, iniciaram-se no final de 2019 diversas intervenções que abrangem um total de 100 ha.
Segundo a informação enviada ao Diário Digital Castelo Branco, os trabalhos em curso de recuperação das áreas ardidas estão a ser desenvolvidos em propriedade privada, através de um conjunto de operações que visam melhorar as condições de proteção contra incêndios das 
manchas de floresta autóctone existente, assim como aumentar a área florestal.
Os custos com a realização destas operações não se revestem de qualquer encargo para os proprietários, sendo suportadas, na íntegra pelo ICNF, I.P., através do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência 
no Uso de Recursos (POSEUR). Com final previsto para 2021, prevê-se que o investimento total ronde os 
158.700,00 €.
Entre as ações de limpeza da área ardida já realizadas, contam-se o corte, rechega e estilhaçamento do material lenhoso queimado e sem valor comercial. Nos casos de impossibilidade de execução do 
estilhaçamento do material lenhoso procedeu-se ao seu encordoamento em curva de nível. Foi também efetuada a recuperação e consolidação das áreas onde foram construídos aceiros durante o combate ao incêndio ao longo de 5 Km. Nas linhas de cumeada foram tratados os destroços lenhosos originados pela 
utilização de maquinaria pesada e prepararam-se estas áreas para constituírem faixas de gestão de 
combustíveis, onde serão plantadas quercíneas, zimbro e medronheiro, em baixa densidade, para facilitar a futura manutenção e para ajudar no esforço de prevenção estrutural desta área.
Os trabalhos ainda decorrem, estando atualmente a ser plantados zimbros, sobreiros, e azinheiras numa área com 50 ha, em manchas não contínuas, abrangendo situações de adensamento, rearborização e 
arborização de novas áreas. Destaca-se o facto de os zimbros terem sido produzidos no viveiro da Mata Nacional de Valverde, também do ICNF/DRCNF do Alentejo, a partir de sementes recolhidas em plantas que sobreviveram ao incêndio, por serem mais adaptadas ao local. Nestas áreas são também conduzidas as quercíneas e medronheiros, que servirão, como sementões, para expandir ocupação por estas espécies autóctones. Por último e em cerca de 40 ha, está a realizar-se a condução da regeneração natural de zimbro e quercíneas, de forma a assegurar o desenvolvimento mais adequado das espécies. A área total de 100 ha completa-se com intervenção de melhoria de habitats em 10 ha.
O Monumento Natural das Portas de Rodão (MNPR) é uma área protegida criada pelo Decreto Regulamentar n.º7/2009 de 20 de maio, com 965ha, sendo 446ha no concelho de Vila Velha de Ródão e 519ha no concelho de Nisa. Integra a Rede Natura 2000 (Zona Especial de Conservação de São Mamede) e 
o Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional.
A criação do Monumento teve como objetivos, a preservação das formações geológicas e geomorfológicas e dos sítios de interesse paleontológico, a preservação das espécies e dos habitats naturais, a proteção e valorização da paisagem, a preservação e valorização dos sítios de interesse arqueológico e a manutenção da integridade do Monumento e área adjacente.
Os valores naturais mais relevantes associam-se à geomorfologia, designadamente às cristas quartzíticas 
que sobressaem da paisagem circundante e às escarpas abruptas que formam as designadas Portas de Ródão por onde passa o Rio Tejo. Além disso, verifica-se a ocorrência de uma comunidade de aves de 
grande interesse conservacionista, destacando-se a presença de uma colónia de grifos nas escarpas, além da ocorrência como nidificante de águia-de-bonelli, cegonha-preta, abutre-do-egipto e andorinhão-cafre. 
As comunidades vegetais naturais presentes são também importantes por apresentarem um elenco de espécies arbustivas representativas das encostas termófilas do Tejo, como por exemplo 
a murta, o medronheiro, o folhado, a aroeira, o carrasco, o lentisco, o aderno, a salsaparrilha e o aderno-bastardo. Uma das espécies da flora mais relevantes é o zimbro (Juniperus oxycedrus lagunae) que apresenta uma população associada às escarpas rochosas e áreas adjacentes, sendo esta área protegida a localização mais meridional da espécie em Portugal, formando o habitat prioritário de florestas endémicas de zimbros.

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