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Cavaco recebe hoje antigos ministros das Finanças para debater grandes projetos

Um grupo de antigos ministros das Finanças vai ser hoje recebido pelo Presidente da República para apresentar a oposição ao lançamento das grandes obras públicas, num momento em que Portugal enfrenta dificuldades de financiamento e uma conjuntura económica desfavorável.

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  • Publicado: 2010-05-10 09:41
  • Por: Diario Digital Castelo Branco/Lusa
Um grupo de antigos ministros das Finanças vai ser hoje recebido pelo Presidente da República para apresentar a oposição ao lançamento das grandes obras públicas, num momento em que Portugal enfrenta dificuldades de financiamento e uma conjuntura económica desfavorável.

Entretanto, indo ao encontro desta posição crítica das grandes obras públicas, o primeiro ministro anunciou sexta feira em Bruxelas, após uma reunião do Eurogrupo, o adiamento de grandes investimentos públicos, como as obras do futuro aeroporto e a terceira travessia do Tejo, no quadro do esforço de acelerar as medidas de consolidação orçamental.

Em reação, o Presidente da República disse que a decisão do Governo de reponderar todas as grandes obras públicas não adjudicadas "vai ao encontro daquilo que muitos economistas e políticos têm defendido". Os partidos dividiram-se entre o apoio à decisão do governo e as críticas ao facto de não ter adiado também o TGV.

O ministro das Obras Públicas, que participou sábado na cerimónia de assinatura do contrato do troço Poceirão-Caia para o TGV, admitiu a "reponderação" da terceira travessia e do novo aeroporto de Lisboa.

Questionado sobre se este anúncio de adiamento de grandes investimentos feito pelo Governo anularia o objetivo do encontro com o Presidente da República, o ex-ministro das Finanças, Eduardo Catroga afirmou que a reunião se mantém "para chamar a atenção do país, da opinião pública e publicada, dos agentes políticos, económicos e sociais e do Governo para a necessidade de se mudar de vida".

"É necessário mudar, eu diria mesmo que é natural que se mude, mas não pela superfície. Que não se adote agora uma estratégia tipo sopa de pedra, isto é, que o Governo faça agora um bocadinho de um projeto e depois disto fará o projeto todo", justificou o ex-ministro.

O antigo ministro das Finanças Bagão Félix, que hoje se junta a nomes como Medina Carreira, Pina Moura ou Eduardo Catroga na reunião em Belém afirmou, por sua vez, que "não podemos fazer de pobres numa situação e de falsos ricos em outra, porque os mercados estão muito atentos aos aspetos simbólicos".

Em declarações à Lusa, Bagão Félix questiona "como é que se interpreta a luta contra o défice de um país que congela pensões sociais e que, ao mesmo tempo, aparece como um fidalgo rico a fazer investimentos que não pode fazer", sublinhando que os mercados internacionais não compreendem esta diferença de critérios na gestão da despesa pública.

A opinião destes antigos ministros das Finanças contrasta, por exemplo, com a visão do presidente da Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, para quem o novo aeroporto e uma rede de alta velocidade ferroviária são essenciais para modernizar o país.

O lançamento das grandes obras públicas tem estado envolto em polémica, com uma forte oposição dos partidos à direita do PS, e mereceu também comentários do Governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, que considerou que o adiamento da alta velocidade e do novo aeroporto seriam "normais" à luz da necessidade de reduzir o défice das contas públicas e do encarecimento do financiamento internacional.

Na sexta feira, no mesmo dia em que o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, se pronunciava em Bruxelas pelo adiamento das grandes obras públicas, José Sócrates dizia, em Paris, que "o Governo já decidiu que os investimentos públicos que não estão contratados, aqueles investimentos públicos que ainda não têm adjudicação" poderão ser revistos, como sucedeu com as auto-estradas do centro, mas não mais do que esses.

Também o Presidente da República se pronunciou várias vezes sobre estas obras públicas, que representam um investimento de quase 10 por cento do PIB. Também na sexta feira, sublinhou que "faz sentido neste tempo reexaminar investimentos públicos e privados na área dos bens não transacionáveis que seja um capital intensivo e que tenha uma grande componente importada".

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