A decisão de converter o edifício-museu situado no interior do Castelo de Castelo Branco num espaço de cafetaria e restauração está a gerar controvérsia e críticas por parte de vários setores da comunidade local, que vêem na medida uma oportunidade perdida para aprofundar o uso cultural e pedagógico do espaço.
O edifício, atualmente utilizado pela associação cultural Outrem, tem servido como palco de atividades de radioamadorismo, contribuindo para a valorização da história local e para o envolvimento cívico da população.
No entanto, a decisão da autarquia de reconverter o espaço num café levanta dúvidas sobre a prioridade atribuída à função cultural do património face a interesses comerciais. Críticos apontam que, embora seja legítimo melhorar as condições de acolhimento dos visitantes, transformar um edifício com vocação museológica num estabelecimento de restauração representa uma banalização de um espaço com forte valor simbólico e histórico.
“A lógica da rentabilização turística parece estar a sobrepor-se à missão cultural. Não é contra o café em si, mas contra o que ele substitui. Perde-se um centro de interpretação da cidade para ganhar mais um ponto de consumo”, afirma um dos moradores da zona histórica.
Para muitos, a decisão surge como reflexo de uma tendência mais ampla de turistificação acrítica do centro histórico, onde o potencial económico imediato se sobrepõe a uma visão integrada de cultura, educação e identidade.
A Câmara Municipal ainda não esclareceu que destino será dado às atividades desenvolvidas pela associação Outrem, nem se haverá uma alternativa museológica no local.
O Castelo de Castelo Branco, mais do que um ponto turístico, é um espaço carregado de significado histórico. Reduzi-lo a cenário de consumo pode ser uma escolha que, a longo prazo, empobrece a experiência cultural da cidade.
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