Idanha-a-Nova: Bisontes europeus chegaram à herdade do Vale Feitoso para estimular a biodiversidade

Uma manada de oito bisontes europeus acaba de chegar à Herdade do Vale Feitoso, situada em Termas de Monfortinho, concelho de Idanha-a-Nova.

  • Região
  • Publicado: 2024-06-02 22:59
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

Gerida em cooperação com a equipa da Rewilding Portugal, esta manada irá aumentar o sequestro de carbono, estimular a biodiversidade e apoiar o crescimento do turismo de natureza, revela em nota a Rewilding Portugal.

A manada dos bisontes europeus  percorrem uma área com 7600 hectares, localizada a sul da paisagem de rewilding do Grande Vale do Côa.

A translocação dos bisontes, provenientes de reservas de toda a Polónia – através da Floresta Estatal Polaca e da European Friends Society, e com o apoio do European Bison Conservation Center (EBCC) – está a ser parcialmente financiado por um fundo de 71.000 euros do programa Rewilding Europe, European Wildlife Comeback Fund.

Esta é a primeira translocação de bisontes europeus para Portugal de sempre. A translocação está também a ser patrocinada através de uma parceria com a empresa produtora de vinho Altas Quintas, que está a angariar fundos para espécies selvagens ameaçadas.

Ao percorrerem parte da propriedade, os bisontes promoverão a biodiversidade e ajudarão a paisagem a fixar mais carbono na atmosfera. Como grandes herbívoros, os animais diminuirão o risco de incêndios catastróficos, reduzindo a vegetação inflamável, criando corta-fogos naturais e abrindo áreas florestais, o que permite a entrada de mais luz e o crescimento de erva em vez de mato.

“Os surtos de incêndios catastróficos estão a tornar-se cada vez mais comuns nas regiões mediterrânicas, à medida que as alterações climáticas conduzem a temperaturas mais extremas. Este problema é agravado pelo facto de os arbustos invadirem áreas onde o gado desapareceu em resultado do despovoamento rural”, refere ainda a Rewilding.

O bisonte-europeu vai ser gerido em cooperação com a equipa da Rewilding Portugal, uma espécie que vai partilhar a paisagem com uma manada de Tauros, que foi translocada para o Grande Vale do Côa em 2023. Assim que os bisontes se aclimatarem ao seu novo ambiente, o público poderá vê-los e visitá-los, com um membro da Rede Côa Selvagem – uma rede de mais de 50 empresas baseadas na natureza no Grande Vale do Côa e arredores – a organizar visitas guiadas.

“Estamos a encarar esta translocação como um teste-piloto”, explica o líder da equipa da Rewilding Portugal, Pedro Prata.

“Os bisontes serão monitorizados de perto para ver como se adaptam à paisagem e ao clima locais. Esta é a primeira vez que a equipa da Rewilding Portugal gere bisontes, por isso é um processo de aprendizagem para nós também. Os membros da equipa receberão formação em gestão de bisontes”, frisa.

Enquanto espécie-chave e emblemática do movimento de rewilding, o bisonte-europeu tem potencial para ser um herói climático e da biodiversidade. Esta é uma das razões pelas quais é tão importante o atual regresso deste herbívoro influente às paisagens europeias, juntamente com os esforços para apoiar o crescimento da população.

Através do pastoreio, da forragem, do pisoteio e da fertilização, os bisontes ajudam a manter paisagens ricas em biodiversidade, constituídas por mosaicos de florestas, matos e prados, bem como por numerosos micro-habitats, que albergam uma vasta gama de espécies vegetais e animais. Este facto foi salientado por estudos realizados na Europa, bem como na América do Norte, relativamente ao bisonte americano semelhante ao europeu. Estas mesmas interacções podem aumentar a captura de carbono tanto na vegetação como no solo, sendo o carbono também armazenado nos corpos dos próprios bisontes.

“Ao apoiar o crescimento do turismo baseado na natureza, os bisontes europeus podem também ser heróis da comunidade”, conclui.

 

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