A igreja sem portas e a birra papal: A perseguição à Opus Dei.

“A igreja de Jesus é uma igreja sem portas para que todos possam entrar” Papa Francisco.

  • Opinião
  • Publicado: 2023-08-19 13:50
  • Por: Antero Carvalho

A recente decisão do Papa Francisco de reduzir, a associação de padres à Opus Dei, gerou atenção, e tensão, dentro e fora da Igreja Católica. A medida, que pode ser interpretada como uma tentativa de limitação do poder e influência da Opus Dei, surge sob o estandarte da justificação que são as tão desejadas mudanças e reformas na Igreja.

Para entender as possíveis razões e ramificações desta, precisaremos olhar, não só para a história da Opus Dei, mas principalmente para o perfil do estilo de governação da própria igreja, ou seja, o próprio Papa e o governo do Vaticano. Esta ação contra a Opus Dei parece ser um passo arrojado na suposta evolução da Igreja Católica, mostrando-se como uma falsa combinação de preocupações doutrinais, jurídicas, administrativas e reformistas que podem ter repercussões sérias no futuro da Igreja. 

Há alguns aspetos destas, que traduzidas nas tentativas dessa limitação de poder da Prelatura da Opus Dei, são notoriamente características da atual governação do Vaticano e dentro desse estilo de condução dos destinos da Igreja Católica como um todo, há sem qualquer dúvida o estilo populista contemporâneo de algumas ordens religiosas. Não esquecendo que dentro da Igreja, sempre houve e haverá uma luta, entre ordens pelo poder, assim como entre quase todas elas e a Opus Dei, uma vez que esta última, sempre foi vista como um obstáculo, e até, uma afronta, face à relativa autonomia que desde a sua criação, lhe foi outorgada, com a constituição desta, enquanto Prelatura Pessoal, dentro da própria Igreja Católica.

Há atualmente, uma notória tentativa de limitar o seu poder, como é o exemplo, o cerceamento da autoridade da Obra "Ad charisma Tuendum", assim como, decisões que tentam acelerar a resolução de disputas jurídicas e económicas que têm ocorrido, principalmente em Espanha. É óbvia a tentativa de condicionar a ação autónoma da Opus Dei, e de levá-la a um maior alinhamento com a doutrina da Igreja. Esta, também representa uma clara resposta à não adesão voluntária aos cânones do que a atual governação do Vaticano entende por “Conformidade de cooperação na Igreja. A tudo isto, chamam-lhe “Reforma e Modernização”.  

Visto numa perspetiva isenta, no mínimo, este comportamento, parece pouco reformista e moderno, menos ainda, isento, na sua aplicação como regra de governação a todos. Ficando notório, ser algo dirigido especificamente à Prelatura. Assim sendo, revisitando as palavras do Papa Francisco: 

“A igreja de Jesus (NÃO) é uma igreja sem portas para que todos possam entrar” 

Desta leitura, ficam claros aqui, dois objetivos concretos: o primeiro; no uso deste populismo contemporâneo, através do qual, atualmente a governação da Igreja tenta desesperadamente melhorar a sua perceção junto da opinião pública, e a procura de uma viragem de página nos escândalos atuais, através de uma lavagem da sua própria imagem, usando-se de uma estratégia de “caça às bruxas”, entenda-se, num segundo objetivo; a amputação dos poderes que a Opus Dei tem, com a justificativa de uma suposta política de transparência. 


 

A Opus Dei 

A Opus Dei é uma instituição da Igreja Católica. Fundada em 1928 pelo sacerdote espanhol Josemaría Escrivá, a organização tem como objetivo principal a promoção da santificação pessoal no mundo secular.  Esta, promove a ideia de que a espiritualidade não é restrita a um espaço de recolhimento, devendo ser vivida nas atividades cotidianas, como o trabalho, o estudo e as relações sociais. Esta abordagem, conhecida como "santificação do trabalho", tem ressonância num mundo cada vez mais secularizado, onde as pessoas muitas vezes sentem amputada, a compatibilidade entre a vida profissional e o desenvolvimento espiritual.  

A Opus Dei está envolvida em várias obras de caridade, educação e formação, apoiando escolas, universidades e hospitais em diferentes partes do mundo. Muitas pessoas beneficiam dos programas da sua Obra. Embora, à opinião pública na atualidade, apenas cheguem as teorias da conspiração, que tentam mostrar a Prelatura da Opus Dei como algo hermético, cheio de obscuros mistérios e objetivos ocultos, na verdade, a sua Obra, está repleta de exemplos positivos, de como a fé pode ser vivida de maneira ativa e benéfica para a sociedade. 

 

A Opus Dei em Portugal

A Opus Dei, tem tido uma presença relevante no panorama social, educativo e religioso em Portugal. Desde que está presente em Portugal, a instituição suscitou uma gama diversificada de opiniões e perceções, que vão desde o profundo respeito, até à crítica e desconfiança.  À semelhança do que ocorre um pouco por todo o mundo, em Portugal, a Obra também é alvo de controvérsias. Alguns críticos acusam a instituição de ser excessivamente secreta ou de exercer uma influência desproporcional em certas áreas da sociedade. A relação entre a Opus Dei, o poder político e económico, tem gerado um acérrimo debate, também em Portugal. 

Muitos pensam que a solução para uma melhor compreensão da Opus Dei em Portugal passa por uma abertura ao diálogo, permitindo que a sociedade civil seja capaz de compreender o papel e as atividades desta organização religiosa. A Opus Dei, se por um lado, deve empenhar-se mais num processo de transparência ao escrutínio público, tem o direito e o dever de o fazer com o devido zelo, como forma de conseguir manter uma eficaz capacidade de apresentar resultados na sua Obra. É de certa forma, esta peculiaridade, que tem sido a chave do seu sucesso, beneficiando, todos os que participam dos seus programas, por todas as geografias onde estes têm atuação.

É de salientar que, como em qualquer outra organização, as perceções e opiniões variam amplamente. Algumas pessoas têm uma imagem positiva da Opus Dei, vendo-a como uma força que inspira valores morais e a dedicação ao trabalho bem feito. Outros, no entanto, têm reservas quanto ao seu papel e o seu impacto positivo na sociedade. Há um motivo que leva à conotação desta, com um certo hermetismo e secretismo, em que a sua Obra se realiza, essa, é resultado da forma discreta como a Opus Dei atua. Esta forma contida e sem os contemporâneos exibicionismos com que alguns, nos tentam confundir, chamando-lhes, atitudes e ações que visam a transparência, é o fato que mais pesa na perceção errada que se tem quanto à Opus Dei e à sua Obra.  

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