As três etapas da Inteligência Artificial. Em qual estamos?

O chatbot ChatGPT, que usa inteligência artificial (IA) para responder a perguntas ou gerar textos a pedido dos utilizadores, tornou-se na aplicação de internet de crescimento mais rápido da história desde o seu lançamento em novembro de 2022. Em apenas dois meses, alcançou 100 milhões de utilizadores ativos.

  • Opinião
  • Publicado: 2023-06-05 12:32
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

O sucesso do ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI com o apoio financeiro da Microsoft, gerou debates sobre o impacto da IA generativa. Esta tecnologia usa dados existentes para gerar conteúdo original, incluindo textos (como ensaios, poesias, piadas e código de computador) e imagens (desenhos, fotos e arte).

Muitas pessoas usam IA para substituir o trabalho humano. Por exemplo, estudantes usam IA para fazer trabalhos de casa, políticos para escrever discursos, e fotógrafos para criar imagens de eventos que nunca aconteceram. A IBM, uma gigante da tecnologia, anunciou que irá substituir cerca de 8.000 trabalhadores humanos por IA. Segundo um relatório do Goldman Sachs, a IA poderá substituir até um quarto de todos os trabalhos humanos. No entanto, a IA também pode aumentar a produtividade e criar empregos.

Apesar do impacto atual da IA, estamos apenas na primeira etapa do seu desenvolvimento. A segunda etapa, que pode acontecer em breve, será muito mais revolucionária. A terceira e última etapa, que pode acontecer pouco tempo depois, pode mudar completamente o mundo. As três categorias de IA, são classificadas pela sua capacidade de imitar características humanas:

Inteligência artificial estreita (ANI)

Esta é a forma mais básica de IA, especializada numa tarefa específica. Aplicações como o Google Maps, assistentes virtuais como a Siri, e o ChatGPT fazem parte desta categoria. Eles estão limitados às respetivas tarefas e operam dentro desses limites claramente definidos e são incapazes de outras autonomamente.

Embora limitada, a ANI tem potencial para grandes avanços. Na medicina, por exemplo, a IA já está a ser usada para identificar padrões em grandes volumes de dados, auxiliando em diagnósticos e tratamentos. No campo da meteorologia, a IA pode processar enormes quantidades de dados para prever mudanças climáticas com mais precisão. Na área de negócios, a IA tem a capacidade de analisar tendências de mercado e comportamento do consumidor, auxiliando na tomada de decisões estratégicas.

Inteligência Artificial Geral (AGI)

A próxima etapa da IA, a AGI, é considerada por muitos como a fronteira final da ciência da computação. Uma AGI verdadeira seria capaz de realizar qualquer tarefa intelectual que um humano possa realizar. Isso inclui entender contextos complexos, aprender independentemente, aplicar o conhecimento adquirido em um contexto para um novo e até mesmo possuir consciência de si mesma.

No entanto, a AGI é também uma área de intensa discussão e preocupação. O salto da ANI para AGI apresenta questões éticas e filosóficas complexas. Como devemos tratar uma máquina com capacidade cognitiva semelhante à humana? Como podemos garantir que uma AGI atue em benefício da humanidade? Essas são algumas das perguntas que os especialistas estão a tentar responder à medida que avançamos em direção à AGI.

Superinteligência Artificial (ASI)

A última etapa, a Superinteligência Artificial, está além da nossa compreensão atual. A ASI é uma IA que ultrapassou a inteligência humana em todos os aspetos. Isso poderia resultar em avanços tecnológicos a um ritmo nunca visto, dado que a ASI poderia teoricamente melhorar-se e aprender a um ritmo muito além da capacidade humana.

No entanto, a perspetiva de ASI também é potencialmente assustadora. A possibilidade de uma ASI autónoma e auto-aperfeiçoável levanta questões sobre como manteríamos controle sobre tal entidade. Além disso, se uma ASI se tornasse hostil ou se desenvolvesse de maneira que prejudicasse a humanidade, talvez não tivéssemos a capacidade de intervir. Por isso, muitos especialistas defendem uma abordagem cautelosa e regulada para o desenvolvimento da ASI, para garantir que avançamos de maneira segura em direção a essa etapa final da IA.

Há duas principais escolas de pensamento em relação à ASI. Uma acredita que a superinteligência será benéfica para a humanidade, ajudando-nos a superar as nossas limitações biológicas e melhorar o nosso mundo. A outra vê a ASI como uma ameaça, com possibilidade de superar e potencialmente eliminar a humanidade.

No entanto, todos concordam que a IA tem um enorme potencial para a humanidade, mas deve ser desenvolvida e regulada cuidadosamente para evitar riscos. Alguns alertam também para a possibilidade de manipulação sutil por parte de uma superinteligência que possui muita informação sobre todos nós. 

Mas não pense que tudo isto é futuro longínquo, atualmente trabalha-se em supermodelos de IA multimodais que já apresentam todas as características da fase dois, ou seja, modelos capazes de efetuar autonomamente tudo o que um ser humano é capaz de fazer. Embora existam medos, não haverá benefícios significativos para os problemas complexos da humanidade, se não atingirmos esta nova fase.

Por exemplo, atualmente a IA, com os modelos que conhecemos não conseguem fazer de forma eficaz coisas como: ensinar (o que poderiam ser um tutor / professor de IA autónomo e sem por cento fiável), diagnosticar e tratar (o que seria um equivalente a um médico de clínica geral ou especialista), entre tantos outros exemplos. Isto só ocorrerá com modelos de 2ª geração ou Inteligência Artificial Geral (AGI).

Outro exemplo, para a necessidade de se avançar depois para a fase três dos modelos de IA, é que sem estes supermodelos a humanidade nunca encontrará a cura para as doenças incuráveis (cancro, neurodegenerativas, etc.), dificilmente resolveremos sozinhos os problemas complexos que geramos com as alterações climáticas e os modelos de 2ª geração também apresentam características que têm refletido as limitações humanas. 

Por tudo isto, teremos de olhar para estes próximos modelos como uma realidade e desejáveis quanto antes melhor, porque evitar a evolução para eles, é o mesmo que abdicar de uma educação e saúde que chegue a todos, sem exceção, e a um planeta capaz de manter os seus ecossistemas de forma a albergar vida como a conhecemos. Se virmos nesta perspetiva a IA de 2ª e 3ª fases, são os salvadores da humanidade e nunca os seus carrascos. Apenas dependerá de nós, sabermos construir regras e processos a partir dos quais se garanta uma eficaz gestão e controlo dos riscos que existem.  

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