O espetáculo ‘Revela-me’ encenado pela 'Malvada' - Associação Artística vai estar em cena, em Castelo Branco, no dia 3 de Setembro, no Cine-Teatro Avenida.
O espetáculo ‘Revela-me’, com início às 21:30 horas, inspira-se nas visitas ao Antigo Hospital Psiquiátrico dos Canaviais, localizado no mais periférico bairro de Évora, onde a Malvada tem o seu espaço de residência. O arquivo morto que agora ocupa este espaço é o elemento simbólico a partir do qual se construiu a dramaturgia do espetáculo que explora os estados de esvaziamento e abandono, com texto e encenação de Ana Luena, interpretação de Inês Pereira e Nuno Nolasco, música de Zé Peps e desenho de luz de Pedro Correia.
O espetáculo integra-se no projeto pluridisciplinar homónimo que conta com diversas atividades concebidas pelos autores e protagonizadas por artistas e especialistas das mais diversas áreas (geografia, psicologia, literatura, artes performativas, fotografia), num processo de contaminação artística que se assume como um movimento de ativação de territórios esquecidos e periféricos.
A Malvada convida o público interessado a assistir ao espetáculo no próximo dia 3 de Setembro, em Castelo Branco, assim como agradece a sua comunicação.
SINOPSE
‘Quero ser uma paisagem que ninguém olha. Um corpo sem alma. Quero ser palavra não dita. Uma língua que ninguém percebe. Apenas sons. Uma cacofonia.’
O texto original e a encenação do espectáculo ‘Revela-me’ partem de um processo de contaminação entre as diferentes atividades e criações no âmbito do projeto artístico homónimo, que se assume como um movimento de ativação de territórios esquecidos e periféricos, com criação e direção de Ana Luena e José Miguel Soares, da Malvada.
Ao conceito de Periferia juntou-se um espaço de abandono, o Antigo Hospital Psiquiátrico dos Canaviais, que durante o Estado Novo foi Albergue de Mendicidade, um instrumento da política de promoção da exclusão e do isolamento. Hoje o abandono a que ele está sujeito continua a ser sinal de periferia, no entanto o esquecimento é também terreno fértil e o vazio surge aqui como expectativa, como prenúncio de uma revelação. Nas duas visitas que fizemos ao Antigo Hospital Psiquiátrico realizou-se um registo fotográfico que o documenta, o torna visível e que serviu o início desta narrativa performativa.
Esta criação cénica emerge do interior deste espaço desabitado e interdito que está a ser ocupado por arquivo morto. Pastas enfiadas em sacos de plástico azuis, enormes. Lá dentro arquivos com dados pessoais, listas, enfermidades de pessoas que já morreram ou que ainda estão vivas. Agora todos pertencentes a este lugar. Poderíamos ser nós encerrados num saco azul, numa cama, num quarto, numa gaveta, numa página, numa fotografia, numa notícia do jornal ou apenas num nome. Encerrados num nome. Esvaziados numa letra. ‘Revela-me’ constrói-se por camadas de (des)ocultação numa dramaturgia que explora a periferia na relação com o outro e na cena, o vazio como possibilidade de ser e de encontro, a ruína que somos todos. Um espaço que se abre e se fecha. O decalque de uma parede. Uma vida espalhada aos bocados. É dos corpos dos intérpretes e das caixas seladas que irrompe um discurso fragmentado que alinha histórias, pensamentos, cartas, nomes, vidas, pessoas. Destroços. Eu e tu.
‘Uma vez uma amiga disse-me que o que mais lhe doeu quando perdeu a pessoa mais importante da sua vida, foi o mundo não ter parado. O mundo continuou a existir, o dia amanheceu, os carros continuaram a circular, as pessoas agitadas a atravessar as ruas, aviões a levantarem voo, os sinos das igrejas a tocarem, os carteiros a entregar o correio de porta em porta, as salas de cinema cheias, as pessoas a irem com os sacos para as praias, a rirem-se, a abraçarem-se, a beijarem-se.’
FICHA ARTÍSTICA
Criação e direção artística Ana Luena e José Miguel Soares; Texto e encenação Ana Luena; Intérpretes Inês Pereira, Nuno Nolasco; Desenho de luz Pedro Correia; Música Zé Peps; Fotografia e conceito José Miguel Soares; Design Joana Areal; Fotógrafos António Carrapato, Pedro Vilhena, Rui Dias Monteiro, Sofia Berberan, Susana Paiva; Oradores Afonso Cruz, Álvaro Domingues, Gabriela Moita; Assistentes de produção e comunicação Beatriz Ourique, Rita Boavida; Produção Malvada Associação Artística; Coprodução Câmara Municipal de Évora - Call Artes à Rua 2020, Cine-Teatro Avenida de Castelo Branco; Parceiros Lendias d’Encantar (FITA - Festival Internacional do Alentejo), Teatro-Cine de Torres Vedras, Cães do Mar, Junta de Freguesia de Canaviais, Associação Grupo de Teatro luventuti Virtutis, Associação de Surdos de Évora; Revela-me tem o Apoio da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes M/14 Dur.80’
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