A conferência “Fibromialgia, o
que é?”, de responsabilidade do Professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Beira Interior (UBI), José Luis Arranz Gil, realizou-se no passado sábado, 12 de Junho, no auditório multimédia da Mutualista Covilhanense.
A conferência iniciou-se com a apresentação do orador João Morgado,
que fez uma breve revisão das competências académico-profissionais do
Professor que, há quatro anos, tem vindo a desenvolver a sua atividade académica na UBI e, profissionalmente, no Hospital Universitário da Cova da Beira.
Arranz Gil iniciou a conferência a referir a elevada incidência de fibromialgia em Portugal, já que 3,6% da população sofre de
fibromialgia, colocando Portugal em segundo lugar no mundo, a seguir à
Itália com os maiores índices de casos de fibromialgia.
De seguida, foi possível assistir ao filme “Concerto para Violoncelo”, onde se pode ver com a ajuda da ficção o enorme sofrimento físico e psicológico pelo qual passam os que sofrem de fibromialgia, e também o grande mal-entendido que existe dos pacientes por parte dos familiares, a sociedade em geral, e também os profissionais de saúde, entendendo oeE a quívoco que o Professor considerava produzido pela falta de conhecimento sobre esta doença, que foi classificada como tal e incluída na lista internacional de doenças pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1992.
Após o filme, o Professor Arranz Gil desenvolveu as suas reflexões sobre
a fibromialgia a partir da sua experiência no tratamento de pacientes com esta doença, bem como dos seus estudos e da tese de doutoramento que fez na Universidade de Alcalá de Henares com a mais alta distinção
académica.
Dentre estas reflexões, pode-se verificar como a sua base científica é conhecida atualmente, já que há referências bibliográficas que mostram que múltiplas e variadas causas produzem uma alteração da ínsula. cerebral que não neuromodula adequadamente os impulsos máximos que a atingem, o organismo. interpretar qualquer estímulo como doloroso devido
a esta alteração neurofuncional da ínsula cerebral e daí e mediada pelo sistema nervoso vegetativo e a sua não autonomia criam um desajustamento ao stresse e a todos os sintomas que eles sofrem fruto da fibromialgia.
Arranz Gil estava especialmente interessado em opinar que o paradigma da fibromialgia mudou e, atualmente, no campo científico mais atualizado, não é considerada uma doença reumatológica, mas sim uma doença neurológica com manifestações reumatológicas entre tantas outras que os pacientes apresentam.
O palestrante destacou a grande importância dos tratamentos farmacológicos no alívio dos sintomas, mas considerou que os tratamentos não farmacológicos são aqueles que, na sua opinião, poderiam resolver a alteração fisiopatológica da ínsula cerebral que a fibromialgia produz e mencionou entre estes procedimentos os de baixo neuro estimulação magnética transcraniana de campo, que foi o tema de uma tese realizada ao longo de dez anos na prestigiada universidade espanhola de Alcalá deHenares.
Posteriormente, houve uma discussão e troca de opiniões com os familiares e professores de fibromialgia presentes no evento, para encerrar a sessão com uma mensagem de esperança aos pacientes com
fibromialgia, destacando que a doença tem cura, conforme afirmou o Prémio Nobel em Medicina em 1931, Otto Warburg: “só tem cura o que se conhece da sua origem” e, neste momento, começamos a conhecer a causa que produz a fibromialgia, afirmação que mereceu aplausos do público
presente.
A sessão terminou com um breve agradecimento do Presidente da Mutualista
Covilhanense, Nelson Silva, pela conferência de Arranz Gil, que convidou o público para uma nova conferência que se realizará no final de julho e que se intitulará: “Pedagogia de dor para doenças de Fibromialgia”.
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