O caso remonta a 21 de dezembro de 2004, quando, na sequência de uma queda de bicicleta, uma criança, residente no concelho de Oleiros, fraturou os ossos do antebraço esquerdo (cúbito e rádio).
Depois de ter dado entrada no Centro de Saúde de Oleiros, foi transferida para o HAL, para ser submetida a uma cirurgia, realizada por um dos arguidos, quem também lhe diagnosticou a fratura grave.
Depois da operação, o médico terá transmitido aos pais que tudo tinha corrido bem. No entanto, no mesmo dia, o rapaz queixou-se que não sentia o dedo mindinho (quinto dedo).
O ortopedista sublinhou em Tribunal, tal como terá explicado aos pais, que essa situação, tecnicamente designada por neuropraxia, "não oferecia perigosidade e era uma lesão reversível".
Contudo, a acusação alega que após a primeira cirurgia se impunha um "adequado acompanhamento pós-operatório", algo que está a ser apurado neste julgamento.
O sintoma e a dormência no dedo manteve-se, mas no dia 23 de dezembro a criança teve alta, com a indicação que os pontos deveriam ser retirados 10 dias e teria nova consulta a 03 de janeiro de 2005, o que aconteceu.
Nessa data, foi visto por um outro ortopedista que não os arguidos no processo. Foi marcada nova consulta para o dia 11 e aí foi visto pelo segundo arguido, onde este deu conta também da neuropraxia, marcando consulta para o dia 09 de fevereiro, altura em que o arguido que realizou a cirurgia contactou, "pela última vez", com a criança.
"Nesta consulta retirei o fio de Kirschner (fio que ajuda a estabilizar) do osso cúbito, que já dava sinais de consolidação, mas, de acordo com o raio x, mantive o do rádio, que o meu colega retirou na consulta de 07 de março", adianta o cirurgião.
Dada a persistência dos sintomas, os pais levaram o menor ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde lhe foi diagnosticada uma lesão grave do nervo, o que conduziu à realização da segunda cirurgia, uma necessidade também confirmada pelo segundo ortopedista arguido neste processo.
Após a intervenção cirúrgica em Lisboa, o menino deixou gradualmente de ter insensibilidade nos dedos e voltou a poder mexê-los.
Os dois clínicos do Hospital de Castelo Branco foram ouvidos durante toda a manhã, numa sessão presidida pelo juiz Jorge Martins, estando durante a tarde a decorrer a audição de testemunhas.
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