O presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Duarte Soares, considerou hoje que há “uma inversão de marcha” nesta área, com os cuidO presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Duarte Soares, considerou hoje que há “uma inversão de marcha” nesta área, com os cuidados a não chegarem sequer a 25 mil doentes dos 90 mil que necessitam de apoio.
O presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), Duarte Soares, considerou hoje que há “uma inversão de marcha” nesta área, com os cuidados a não chegarem sequer a 25 mil doentes dos 90 mil que necessitam de apoio.
Duarte Soares comentava à agência Lusa os dados divulgados hoje no Relatório de Outono 2019”, do Observatório Português dos Cuidados Paliativos (OPCP), que revela que faltam cerca de 430 médicos, 2.141 enfermeiros, 178 psicólogos e 173 assistentes sociais na Rede Nacional de Cuidados Paliativos.
Analisando os dados do documento, o presidente da APCP considerou que se pode “falar quase de uma inversão de marcha mais do que uma falta de evolução positiva”.
“Este é o terceiro ano de implementação da estratégia do ministério para os cuidados paliativos e o relatório traz-nos os resultados relevantes: a cobertura de serviços é muito baixa a nível nacional, não chegando sequer a 30% em termos globais”, sublinhou.
Portanto, sustentou, “das 90 mil pessoas que precisam de nós” a rede “não chega sequer a 25 mil”.
O médico observou que as dificuldades são sobretudo a nível das equipas domiciliárias, havendo 24 num objetivo previsto de 100, e de camas com a existência de 382 num objetivo previsto de 1.000.
Por outro, lado há distritos sem cobertura comunitária nomeadamente Aveiro, Braga, Vila Real, Coimbra, Leiria e Castelo Branco.
“Relativamente aos recursos humanos percebemos que há muito poucos serviços com médicos a tempo inteiro”, sendo a cobertura global de médicos de 13%, de enfermeiros de 10%, de psicólogos de 9% e de assistentes sociais de 11%, salientou.
Duarte Soares enalteceu o trabalho do Observatório Português dos Cuidados Paliativos e a importância do relatório hoje publicado para perceber como está a ser feito o acompanhamento do desenvolvimento dos cuidados paliativos em Portugal e, sobretudo, pela “análise detalhada” que faz sobre os profissionais de saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros psicólogos e assistentes sociais.
Para o especialista, o “dado mais surpreendente” deste relatório é demonstrar que “há uma degradação assistencial entre 2017 e 2018, com a diminuição estatisticamente significativa do tempo assistencial alocados aos cuidados paliativos sobretudo em médicos e enfermeiros”.
Ressalvando que “o esforço dos técnicos dos cuidados paliativos deve ser enaltecido”, Duarte Soares afirmou que não se trata de uma questão técnica, mas “sobretudo de falta de investimento e de responsabilidade executiva”.
“Os cuidados paliativos não têm sido assumidos como prioridade nos últimos anos, como outras áreas, como a saúde mental, os cuidados de longa duração ou as demências. São temas que tocam verdadeiramente às pessoas, aos doentes, às famílias, aos cuidadores informais”, afirmou.
O presidente da APCP defendeu ainda que, numa altura em que se discute um novo orçamento para a saúde, não se pode “abandonar os doentes nem os profissionais”.
“As nossas exigências mantêm-se de pé, com uma postura claramente dialogante e construtiva, e estamos perfeitamente convictos da nossa missão e do nosso papel para o desenvolvimento futuro” dos cuidados paliativos.
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