As vendas de automóveis ligeiros novos desceram 23,9% nos primeiros cinco meses do ano, face ao período homólogo, afirmou à Lusa a associação de comerciantes, que admite que o setor vive "momentos de grande dificuldade".
As vendas de automóveis ligeiros novos desceram 23,9% nos primeiros cinco meses do ano, face ao período homólogo, afirmou à Lusa a associação de comerciantes, que admite que o setor vive "momentos de grande dificuldade".
A crise económica está a reflectir-se também nas oficinas automóveis, segundo Jorge Nunes da Silva, da Associação Nacional das Empresas do Comércio e Reparação Automóvel (Anecra).
Está a ser feito um estudo sobre o impacto da crise nas oficinas de reparação automóvel, que ainda não está terminado, mas o secretário-geral da Anecra acredita que "a situação este ano pode ser mais grave do que em 2010, quando fechavam quatro a cinco empresas por dia".
A possibilidade de muitos portugueses, que se veem com uma significativa redução dos rendimentos, poderem estar a poupar nas revisões dos automóveis, preocupa os responsáveis da Anecra, não só pelo impacto que terá no setor da reparação, mas ainda pelas consequências ambientais e na segurança rodoviária.
Os veículos poderão estar a circular em condições de segurança mais frágeis e muitos portugueses poderão procurar fazer as revisões automóveis em casa, o que levanta a questão: "o que fazem aos óleos usados? Provavelmente deitarão nas sarjetas e nos campos, com grave impacto ambiental".
Jorge Nunes da Silva afirma que esta crise está a afetar gravemente o setor, mas "pode ser ao mesmo tempo uma oportunidade". Recorda a realização do 7.º Encontro Nacional da Reparação Automóvel, que decorre este fim de semana no Porto, em que vão ser discutidas todas as questões que afetam o setor.
Uma das novas questões que terão repercussões no setor da reparação automóvel tem a ver com a proposta da Comissão Europeia que "vai permitir que os proprietários de automóveis possam fazer reparações em oficinas independentes sem perderem o direito à garantia da marca".
São muitos os fatores que determinam a situação de quebra das vendas de veículos automóveis novos, desde logo o rendimento das famílias, mas também o baixíssimo índice de confiança. "Quando as pessoas vivem numa incerteza sobre o futuro, não fazem compras com impacto financeiro para os anos seguintes", explica Jorge Nunes da Silva.
O contínuo aumento dos preços dos combustíveis, o aumento dos impostos, a alteração ao sistema de incentivo aos veículos em fim de vida, as alterações das taxas com incidência no preço dos veículos, tudo isto afeta o setor automóvel.
Preocupa também os responsáveis da Anecra o crescimento da economia paralela no setor da reparação.
"Não temos números, esta deve ser uma preocupação da ASAE, porque é uma atividade económica sem controlo, que foge aos impostos e afeta a concorrência leal", diz Nunes da Silva.
Perante a situação que se vive no setor, o secretário-geral da Anecra afirma que se vai mudar o paradigma português quanto à compra e venda de veículos automóveis particulares.
"Há uns anos as pessoas trocavam de carro, em média, de quatro em quatro anos, com o cenário que vivemos acredito que daqui a alguns anos os portugueses passarão a trocar de veículo de dez em dez, ou de 11 em 11 anos", concluiu.
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