A obra de Queirós já tinha sido levada à cena pela companhia, em 2002, e recebeu na altura várias críticas positivas da imprensa britânica.
Agora, a portuguesa, radicada há cerca de 30 anos no Reino Unido, decidiu reescrever o texto e incluir a personagem Afonso da Maia, para ser “mais leal” ao livro.
A produção terá uma parceria para promover a obra do escritor português com a editora Dedalus, que irá colocar um vídeo da peça na sua página de internet e vender o DVD da produção da Galleon.
Por outro lado, enquanto “Os Maias” estiverem em cena estará à venda no teatro a edição da obra em inglês, cuja tradução por Margaret Jull Costa foi premiada com o prémio Oxford Weidenfeld no Reino Unido e o prémio Pen Livro do Mês nos EUA, ambos em 2008.
Além de ter adaptado o livro para o teatro, Alice de Sousa, que é diretora artística da companhia que fundou em 1988 com Bruce Jamieson, também é produtora e atriz, mas o resto do elenco é britânico.
“Tenho tido muito cuidado para ter rigor na maneira como as personagens são representadas e se expressam e também criar algum rigor sobre Portugal no século XIX”, afirmou à agência Lusa.
A “experiência” e “disciplina” de 25 anos de carreira ajudam-na a lidar com as várias competências, enquanto confia no encenador e também marido para “filtrar” o texto para a audiência britânica.
“Apesar de não ser português, o Bruce entende e ajuda no trajeto de trazer algo de Portugal e comunicar com público que não conhece o país tão bem como ele conhece”, vincou.
A dupla tem sido responsável pela apresentação na capital britânica de peças de autores e temas portugueses na última década.
Produziram “O Primo Basílio”, também de Eça de Queirós, “A Morgadinha dos Canaviais”, de Júlio Dinis, “O crime da Aldeia Velha”, de Bernardo Santareno, e as histórias de Inês de Castro e Aristide de Sousa Mendes.
Além de autores portugueses, a companhia também levou ao palco clássicos britânicos e internacionais, como “King Lear”, “Richard III” e “Hamlet”, de Shakespeare, “Hedda Gabler” e “A Casa de Bonecas”, de Henrik Ibsen, ou “A Gaivota”, de Anton Chekhov.
A peça fica em cena até 03 de abril na Greewnich Playhouse, uma pequena sala por cima de um pub em Greenwich, no leste de Londres.
“É um espaço pequeno e íntimo”, descreve Alice de Sousa, que lamenta o fim do financiamento que antes recebia da Fundação Gulbenkian.
Mesmo assim, obteve o apoio do Instituto Camões para um projeto que considera “de grande risco”, mas que encara como uma missão.
“Existe uma grande comunidade de portugueses em Londres mas a nossa cultura não é muito frequentemente representada”, deplorou.
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