Lightsource BP investe 242 M€ em Central Solar nos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova ao abater 464 azinheiras

Depois de ter conseguido “luz verde” da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para avançar com várias centrais solares em Portugal, a Lightsource BP tem neste momento em consulta pública, até 9 de Outubro, a mais recente versão do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) da central fotovoltaica da Beira, a construir nos concelhos de Castelo Branco e Idanha-a-Nova. 

  • Economia
  • Publicado: 2025-09-25 16:57
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

É a segunda vez que a empresa tenta licenciar esta central, depois do “chumbo” da APA em 2024. O custo estimado pela empresa para o projeto, que inclui também uma linha de muito alta tensão para ligação à rede, é de €242 milhões. A este valor somam-se os investimentos em curso noutros parques solares em Portugal em várias fases de desenvolvimento, num total que supera os €1000 milhões de investimento, para um pipeline que ultrapassa os 2 gigawatts (GW).  

Segundo a informação a que o Diário Digital teve acesso, está prevista a instalação de 425.600 módulos fotovoltaicos numa área de quase 525 hectares, obrigando ao abate de quase meio milhar de espécies protegidas por lei: 464 azinheiras e 15 sobreiros, de um total de 2155 inventariados pelo estudo. O corte destas árvores tem ainda de passar pelo crivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). 

Ainda assim, Miguel Lobo, diretor da Lightsource BP em Portugal, acredita que desta vez a decisão será favorável. “Tentamos sempre evitar o abate de árvores protegidas. Quando, por vezes, é inevitável, todo o processo de abate, plantação e gestão florestal é feito em colaboração com a APA e o ICNF. O projeto da Beira prevê o abate de 479 árvores, das quais 90% são exemplares jovens e isolados. 

O EIA propõe medidas de compensações que incluem a plantação de até mais de 440 sobreiros e 14 mil azinheiras”, afirma o responsável, em nota de imprensa, sublinhando que “é preciso olhar também para os impactos positivos destes projetos e não só para os negativos”. E acredita que a central tem agora “todas as condições para ter uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável”. 

A central solar da Beira terá 425.600 módulos, obrigando ao abate de 479 árvores protegidas Com uma potência de 266 megawatts (MW) e uma produção anual estimada de 453 GWh (quase 1% do consumo de eletricidade do país), o projeto resulta de um acordo assinado com a Redes Energéticas Nacionais (REN) em abril de 2021, mediante o qual a Lightsource BP assumiu o compromisso de custear os reforços da rede elétrica necessários para acomodar a nova potência da central fotovoltaica como contrapartida para obter um “Título de Reserva de Capacidade” e poder construir o projeto. 

A eletricidade gerada pela futura central da Beira será primeiro coletada numa subestação própria, da qual será depois transportada numa linha aérea de muito alta tensão, a 220 kV, com cerca de 33 quilómetros, que ligará à subestação da REN de Castelo Branco. Está previsto que a construção dure quase dois anos (22 meses), para um tempo de vida de operação da central de 40 anos. Os milhares de painéis solares serão instalados nas freguesias de Monforte da Beira, Malpica do Tejo, Benquerenças, União das Freguesias de Escalos de Baixo e Mata, Ladoeiro e União das Freguesias de Idanha-a-Nova e Alcafozes. 

Em aberto, para o futuro, fica a possibilidade de o projeto incluir também baterias (54 MW). Inicialmente submetido a Avaliação de Impacte Ambiental em dezembro de 2023, em junho de 2024 o plano da empresa sofreu um revés, quando a APA considerou que a entidade proponente, a Ignichoice Renewable Energy (detida pela Lightsource BP, que, por sua vez, pertence à petrolífera britânica BP), não forneceu a informação necessária para uma correta avaliação dos impactes ambientais relevantes. Com um EIA de novo em cima da mesa, a Lightsource BP espera agora convencer a APA. 

Identificada está, no entanto, a interseção com áreas sensíveis, como o Parque Natural do Tejo Internacional e a Zona de Proteção Especial (ZPE) do Tejo Internacional, Erges e Pônsul. Em Portugal, a Lightsource BP tem uma carteira de projetos renováveis com capacidade de receção atribuída em diferentes estádios de desenvolvimento, distribuídos por 12 distritos. Deste portefólio fazem parte as centrais do Planalto (130 MW, em Mogadouro, com €117 milhões de investimento, em avaliação ambiental), do Paiva (290 MW, Vila Nova de Paiva, €200 milhões, na fase de obtenção de licenças) e do Alqueva (431 MW, em Moura e Vidigueira, €365 milhões, a aguardar licenciamento ambiental). 

Somam-se à lista as centrais da Chamusca e Cibele e o projeto de larga escala Sophia, de 875 MW, nos concelhos do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova. Sobre a evolução destes projetos, Miguel Lobo afirma que “a expectativa era avançar mais rápido”, o que não é possível já que “os licenciamentos demoram sempre demasiado tempo face às previsões iniciais”.

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