Rodão: Fotografias de Mário Varela Gomes trazem à luz a memória de Abril de 1974

 Casa de Artes e Cultura do Tejo, em Vila Velha de Ródão, recebe até 30 de Junho a exposição “Memória de Abril – 50 Anos Depois”, que reúne um conjunto de fotografias captadas por Mário Varela Gomes, muitas das quais inéditas, nos dias 25, 26 e 27 de abril de 1974.

  • Cultura
  • Publicado: 2024-04-15 18:06
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

Inaugurada na sexta-feira passada, 12 de Abril, com a presença do autor, a exposição mostra um conjunto de imagens que registam momentos da ação militar conduzida pelo Movimento das Forças Armadas em Lisboa, uma intervenção que derrubaria o Governo autoritário e anti-democrático de então e que contou com imediata adesão popular.

Então um jovem finalista do curso de Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, Mário Varela Gomes explicou como, ao dirigir-se para as aulas na manhã de 25 de abril de 1974, se apercebeu da movimentação militar no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo e, apesar da incerteza perante o que se estava a passar e percebendo “que se viviam tempos de mudança”, decidiu ir a casa “buscar a máquina fotográfica e meter três ou quatro rolos no bolso”.

No meio da multidão e esperançoso que “desta é que isto vai mudar”, optou por fazer dos seus “os olhos da multidão” e, sem preocupações estéticas em fotografar os heróis ou obter bons enquadramentos típicos do fotojornalismo, registou a massa anónima que depressa se juntou nas ruas desafiando as ordens para ficar em casa.

Desse dia e dos dias seguintes, resultaria um conjunto de quase duas centenas de fotografias que foram reunidas pela primeira vez num livro que contém a totalidade das imagens, devidamente legendadas, uma edição da Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão, cuja apresentação coincidiu com a inauguração da exposição.

A mostra em si mesma distingue-se pela originalidade como que apresenta as fotografias, em três cubos iluminados que enchem a sala e nos transportam para o meio da multidão, um conceito que, como explicou o autor, pretende representar “as grandes linhas ideológicas da Revolução Francesa, da qual nós somos felizmente herdeiros: Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Sobre as fotografias agora expostas na Casa de Artes e Cultura do Tejo, o presidente do Município de Vila Velha de Ródão, Luís Pereira, agradeceu ao autor a confiança e explicou que ao “perceber que para além de arquiteto com uma paixão enorme pela arqueologia, o professor Mário Varela Gomes tinha também uma grande paixão pela fotografia e possuía uma coleção de fotografias sobre o 25 de Abril única e fantástica”, não hesitou em convidá-lo a expor essas imagens em Ródão, “de forma a assinalar com a dignidade que merece este momento único da nossa história que foi o 25 Abril de 1974”.

Autor, artista plástico, arquiteto e Doutor em História, Mário Varela Gomes é Professor Jubilado da Universidade Nova de Lisboa. Em 1972, chegou pela primeira vez a Vila Velha de Ródão tendo, desde então, estudado aspetos da arqueologia do concelho, nomeadamente, as gravuras do complexo de arte rupestre do Vale do Tejo, tendo publicado, em Portugal e no estrangeiro, cerca de duas dezenas de artigos e elaborado a sua dissertação de doutoramento sobre aquela temática. 

A exposição “Memória de Abril – 50 Anos Depois” está patente na Casa de Artes e Cultura do Tejo até 30 de junho, podendo ser visitada de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30. A entrada é livre.

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