Casa do Barro, no Telhado, freguesia no concelho do Fundão, promove, entre os dias 23 e 25, a cozedura de peças de olaria feitas pela comunidade e por ceramistas, no âmbito do evento Fornada 23.
As peças são cozidas num forno a lenha artesanal inativo durante mais de 30 anos, e reativado no ano passado, para preservar uma atividade que foi base da economia da localidade no século passado, explicou, em declarações à agência Lusa, o presidente da Junta de Freguesia do Telhado, Paulo Marques.
“Nós estamos a transmitir ideias, valores, o saber-fazer da freguesia, para que não se perca esta nossa identidade. Depois de morrer o último oleiro, não foi feita a transmissão de conhecimento, e estamos a criar novamente essa dinâmica no Telhado”, acentuou Paulo Marques.
Entre os dias 02 e 06 de junho foram produzidas, naquele concelho do distrito de castelo Branco, as peças em barro, com a participação de crianças das escolas, população em geral e três ceramistas profissionais, que estão, entretanto, a secar, para eliminar toda a humidade, para não estalarem quando forem ao forno.
Para dia 23 está prevista a enforma, que significa meter as peças no forno, no dia seguinte é feita a cozedura, num forno a lenha que atingirá os mil graus e, no dia seguinte, quando o equipamento começar a arrefecer, começam a ser retiradas as criações mais próximas da entrada, embora o presidente da Junta de Freguesia tenha sublinhado que não é possível executar essa tarefa toda no mesmo dia.
Além da vertente oficinal e pedagógica, Paulo Marques realçou que os três dias vão ser também de festa e que vão decorrer workshops e estão disponíveis pessoas para ajudarem quem quiser fazer novas peças, a cozer posteriormente.
“A Casa do Barro não é só um museu, é também a parte prática. Nós estamos a semear futuros oleiros e estamos a começar a colher, mas não é um trabalho que se veja na hora”, frisou o presidente da Junta de Freguesia do Telhado, em declarações à agência Lusa.
A produção de peças conta com a introdução de novas tecnologias no processo, como a impressão 3D, que permitem executar pormenores que manualmente não é possível.
Nos três dias da cozedura estão previstos os ateliês Roda de Oleiro, Impressão 3D cerâmica, visitas guiadas à Casa do Barro, inaugurada em 2015, uma sardinhada com arraial, na noite de dia 24, e o leilão de peças da Fornada 23.
Está também patente a “Exposição Cerâmica Contemporânea”, do Coletivo Nómada, com obras de Alberto Azevedo, Carlos Lima e Vasco Baltazar.
O evento é uma das iniciativas relacionadas com a integração do Fundão no lote de finalistas dos Prémios New European Bauhaus 2023, promovidos pela Comissão Europeia, com o projeto Casas e Lugares do Sentir - Craft Lab, desenvolvido pelo Município do Fundão através da rede de Lugares do Sentir do Fab Lab Aldeias do Xisto, em colaboração com o CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património.
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