A última produção do projeto cultural Rede Artéria é um espetáculo de dança, teatro, voz e música, que envolve a população de Belmonte e que vai ser apresentado nos dias 04, 05 e 06 de setembro.
Concebido pela coreógrafa e performer Filipa Francisco, “Caminho” é a oitava e derradeira estreia da Rede Artéria, uma iniciativa de intervenção sociocultural em diversos municípios da região Centro, com coordenação artística da companhia ‘O Teatrão’, de Coimbra.
Criado em contexto comunitário, com seis participantes locais e quatro artistas em palco, o espetáculo já estava a ser preparado quando a pandemia da covid-19 chegou a Portugal, no primeiro trimestre do ano.
Esse trabalho de produção, em que participaram cerca de 40 pessoas, teve de ser adiado e ajustado às novas circunstâncias, valorizando tradições como as máscaras, as celebrações carnavalescas e outras festividades populares com música e dança.
“Mas há que fazer nascer deste baile, fazer nascer deste Entrudo”, afirma Filipa Francisco, com esperança no tempo futuro, para salientar à agência Lusa o peso das biografias, narrativas da população e dimensão histórica de Belmonte no resultado final.
O processo criativo começou com visitas e entrevistas na vila de Belmonte e freguesias deste concelho do distrito de Castelo Branco.
“Palavras e palavras gravadas em vídeo e transcritas para o papel. Todas elas misturavam e falavam de três tempos: passado, presente e futuro. Transcrevemos as palavras no papel, olhámos para essas palavras”, recorda a coreógrafa.
Em geral, os entrevistados falavam do trabalho, nos campos, nas minas, nas fábricas ou na cestaria.
“Com esta investigação, queríamos conhecer o território e as pessoas que aqui habitam”, refere Filipa Francisco, lamentando que, na sequência da suspensão do trabalho de campo devido à pandemia, tenham ficado de fora os contributos da população cigana e judaica.
Trata-se de “duas comunidades muito fortes” em Belmonte que precisam de “tempo para se abrirem e participarem”.
Em janeiro, arrancou a criação do espetáculo “Caminho”, que foi interrompida dois meses depois.
Antes da pandemia, foram ainda gravados um baile comunitário e as festas do Entrudo e da Queima do Entrudo, na povoação de Colmeal da Torre, e a artista começou a trabalhar com estas “duas imagens”.
Em todo este “processo de co-criação” e no palco, envolvendo os profissionais e os habitantes de Belmonte, “há uma aproximação de quem vem com quem está”, sublinha.
“Filipa Francisco parte do estudo e trabalho de campo sobre tradições e hábitos, incluindo os contemporâneos”, disse à Lusa a coordenadora da Rede Artéria, Isabel Craveiro.
Deste projeto cultural em rede, iniciado há três anos, a diretora de ‘O Teatrão’, de Coimbra, destaca o “grande diálogo” dos artistas e criadores com as comunidades e a participação de diversos parceiros académicos da região Centro.
Promovido pela Rede Artéria, município de Belmonte e Mundo em Reboliço, associação de Almada dirigida por Filipa Francisco, “Caminho” é apresentado no Castelo de Belmonte, nos dias 04, 05 e 06, sempre às 19:00.
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