A desertificação do interior está a contribuir para a crise económica em Portugal, acredita uma arquiteta portuguesa que está a desenvolver um projeto multidisciplinar sobre o tema com a Universidade de Manchester (Reino Unido).
A desertificação do interior está a contribuir para a crise económica em Portugal, acredita uma arquiteta portuguesa que está a desenvolver um projeto multidisciplinar sobre o tema com a Universidade de Manchester (Reino Unido).
”A situação económica atualmente tem muito a ver com o abandono total do interior, porque temos um país em que dois terços não estão a produzir o que deviam”, afirmou Cristina Rodrigues à agência Lusa.
Na sua opinião, “não está a ser explorado a nível territorial o potencial económico do país”. Rodrigues está convicta de que “se isso for revertido, a situação económica transforma-se”.
Foi da “vontade de trazer mais gente para o interior e combater esta causa” que Cristina Rodrigues começou a colaborar com o Instituto para a Investigação e Inovação na Arte e Design de Manchester (MIRIAD na sigla inglesa).
De contactos casuais com responsáveis da instituição durante viagens profissionais a Inglaterra surgiu um convite há dois anos para dar aulas na Universidade Metropolitana daquela cidade no norte do Reino Unido.
Com os alunos, fez um projeto para tentar resolver o problema de Chanca, uma das vilas mais desertificadas do concelho de Penela (Coimbra) que no fim foi oferecido à autarquia local.
Depois desta experiência, o MIRIAD decidiu pedir à portuguesa para continuar.
Para Cristina Rodrigues, esta foi uma oportunidade de formar uma equipa multidisciplinar para estudar um tema que a preocupa.
Citando dados da Agência Espacial Europeia, refere que Portugal foi classificado em 2004 como o terceiro país europeu mais desertificado, atrás da Itália e da Turquia e à frente da Grécia e da Espanha.
“Prevê-se que, dentro de 20 anos, dois terços de Portugal estarão desertos”, vincou, cenário que ameaça também o resto da Europa do Sul.
Juntamente com artistas, ecologistas, “designers”, gestores de turismo e antropólogos, quer explorar vias para combater a desertificação do território.
Uma ideia é criar pólos de escritórios mais baratos para jovens empreendedores, que no futuro acabem por se fixar na localidade, ou tentar novas abordagens ao turismo rural.
Pondera também fazer “algo semelhante” a uma experiência inglesa, que foi a criação de um percurso cicloturístico associado a objetos de arte.
Além de Penela, vão servir de projetos piloto Idanha-a-Nova e Alcoutim.
A divulgação do projeto em Portugal será feita em setembro em Faro, onde Rodrigues irá organizar uma série de seminários na Escola de Hotelaria e Turismo, de 14 a 17.
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