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Religião: Professor residente em Castelo Branco luta contra normas das Testemunhas de Jeová que o impedem de ver os pais

Um pedido de apoio à Amnistia Internacional marcou o início da “luta” de Jorge Ventura contra as normas das Testemunhas de Jeová, que acusa de o impedirem de ver os pais desde que decidiu abandonar a religião, descreveu à Lusa.

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  • Publicado: 2011-08-06 08:57
  • Por: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

Um pedido de apoio à Amnistia Internacional marcou o início da “luta” de Jorge Ventura contra as normas das Testemunhas de Jeová, que acusa de o impedirem de ver os pais desde que decidiu abandonar a religião, descreveu à Lusa.

Apesar de viverem na mesma cidade, Castelo Branco, os pais seguem aquela crença e optaram por não o ver desde abril “devido a orientações religiosas”, diz o professor de português e inglês, de 39 anos, numa carta escrita em junho e em que pede apoio à Amnistia Internacional em Portugal.

A decisão é dos próprios pais, mas Jorge Ventura responsabiliza a religião, “que estipula não haver contacto com quem é ex-membro", sob pena de haver “castigos” para quem quebrar a norma.

Segundo Jorge, para além de penalizações na hierarquia interna, a principal punição é o corte de relacionamento com todas as outras Testemunhas de Jeová, o que no caso de Jorge e dos pais representa os amigos e conhecidos de uma vida inteira.

Para Jorge Ventura, aquela é a religião e o mundo que conheceu “desde os três anos de idade” e a partir da qual se estabeleceram “todos os contactos, hábitos e rotinas familiares”. Quando se afastou, “todos os laços criados ao longo de uma vida foram cortados".

"Todos os amigos, familiares e vida recreativa foram quebrados de um dia para o outro. Como ser humano tive que renascer”, refere.

Jorge Ventura deixou as Testemunhas de Jeová em 1999, depois de um superior religioso ter tentado demovê-lo de concorrer a curso superior.

Desde então, familiares e amigos voltaram-lhe costas, mas Jorge Ventura nunca pensou que a “boa relação” que tinha com os pais fosse sujeita a um “corte total”, como aconteceu a partir de maio.

Já havia “muitas restrições” desde 1999: podiam encontrar-se e tomar refeições, mas não com outros membros da crença, e a visita do filho não podia sobrepor-se a reuniões dos pais “relacionadas com a religião”.

Em maio deste ano, novas orientações dadas pelas publicações oficiais das Testemunhas de Jeová impuseram que “filhos desassociados sejam completamente impedidos de manter contacto com os pais”.

Jorge Ventura recebeu um telefonema da mãe, “cinco dias após o estudo daquela publicação no Salão do Reino local” e desde então decidiu “ir até ao limite das forças para lutar pelo bem mais precioso, o amor da família”.

Segundo refere, apesar de os pais dizerem que “sentem um grande carinho e ternura e que ajudam na medida das possibilidades, o corte foi completo e isso não se compreende”.

Contactada pela Lusa, a mãe de Jorge confirmou o corte de relações como consequência do afastamento do filho das Testemunhas de Jeová, mas realçou que mantém os contactos sempre que necessário, nomeadamente “em caso de doença ou outra emergência”.

Na carta endereçada à Amnistia Internacional, Jorge pede apoio jurídico para saber como avançar “contra as normas que a religião tem sobre os seus membros” que acusa de violarem direitos e liberdades fundamentais.

Para Amnistia Internacional (AI), no entanto, o caso de Jorge Ventura “resulta de um comportamento do foro individual” dos próprios pais, pelo que “não é crime, nem uma violação de direitos”.

Daniel Oliveira, da AI, acrescenta por isso que não é uma situação em que a organização possa intervir.

Segundo aquele responsável, é a primeira queixa recebida por uma ex-testemunha de Jeová desde que ocupa o cargo, há cinco anos.

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