Sertã: António Amaro encerrou Jornadas Técnicas Locais – “Reabilitação de Edifícios”

A Capela do Convento de Santo António, na Sertã, registou lotação esgotada aquando da realização das Jornadas Técnicas Locais – “Reabilitação de Edifícios”, na tarde do passado dia 8 deste mês, cuja sessão de encerramento contou com a presença do Secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro.

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  • Publicado: 2015-01-13 16:59
  • Por: Diario Digital Castelo Branco

A Capela do Convento de Santo António, na Sertã, registou lotação esgotada aquando da realização das Jornadas Técnicas Locais – “Reabilitação de Edifícios”, na tarde do passado dia 8 deste mês, cuja sessão de encerramento contou com a presença do Secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro.

A sessão abertura contou com a presença de Ana Abrunhosa, Presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro.

Promovida conjuntamente pela Universidade de Coimbra e pelo Município da Sertã, esta iniciativa congregou a formação, a prática e o debate, numa sessão dirigida à comunidade técnica ligada ao sector da reabilitação urbana. Em análise estiveram diversos temas ligados à construção sustentável na reabilitação de Centros Urbanos Antigos.

Na sessão de abertura, José Farinha Nunes, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, referiu a importância daquela temática “a qual assume particular relevância no contexto arquitetónico do Concelho da Sertã.” Importa assim “refletir sobre a importância que assume este assunto, principalmente na implementação de medidas técnicas e programas à disposição dos interessados.”

Luís Figueiredo Neves, Diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, congratulou-se pela realização das jornadas na Vila da Sertã, sendo o reflexo de uma colaboração estreita entre o Município da Sertã e a Universidade de Coimbra. No que concerne à área da reabilitação, Luís Neves referiu tratar-se de uma preocupação crescente que se manifesta na criação de licenciaturas e mestrados mais específicos na aquela instituição de ensino superior. Assim, anunciou a abertura de dois novos mestrados no próximo mês de setembro, no Departamento de Engenharia civil, ligados à reabilitação de edifícios e eficiência acústica e energética para uma construção sustentável.

Ana Abrunhosa, Presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro, referiu três razões fundamentais para intervir e co-financiar a reabilitação de edifícios: “reutilizar os edifícios, torná-los mais confortáveis, mais bonitos. Também por uma questão ambiental, torná-los mais sustentáveis, (…) energeticamente mais eficientes, e por uma questão de memória, para preservarmos e valorizarmos o nosso património histórico edificado.” Ana Abrunhosa referiu ainda que o espaço onde decorreram as jornadas, Convento de Santo António na Sertã, era exemplo de todas as razões enumeradas. Abordou ainda diversas medidas de apoio oriundas de fundos comunitários: energias renováveis nas infraestruturas públicas, eficiência energética na habitação social, intervenção em habitações particulares, entre outras.

“Da reabilitação isolada à integrada na Sertã. A ARU (Área de Reabilitação Urbana) na Sertã como solução?” foi o tema do debate moderado pelo Professor Walter Rossa da Universidade de Coimbra, que teve como intervenientes Vitor Campos (Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais do Laboratório Nacional de Engenharia Civil), João Paulo Craveiro (Administrador da SRU – Coimbra Viva) e Alfredo Dias (Professor na Universidade de Coimbra e Presidente da Assembleia Municipal da Sertã).

Alfredo Dias apontou diversos locais do concelho da Sertã que evidenciam necessidade de reabilitação, nomeadamente Cernache do Bonjardim, Pedrógão Pequeno e a própria sede de concelho. Nos centros históricos daquelas localidades, verifica-se o seu abandono, uma degradação física, utilização e vivência cada vez menores. No caso concreto do centro histórico da Sertã, o Presidente da Assembleia Municipal da Sertã referiu que a habitação e o comércio tradicional estão a ser deixados, entrando-se “num ciclo vicioso que dificulta e leva ao abandono”. A reabilitação desses locais “deverá manter a matriz que existe, recuperando e tentando dar nova vida, enquadrando com as formas atuais e com as necessidades atuais. Naturalmente que terão que ser melhoradas as acessibilidades, as condições de vida e o conforto.” Por ser central, é uma porta de entrada na vila, e verifica-se que é uma primeira opção para as pessoas de fora se fixarem na vila. “É importante fomentar essa porta de entrada e dar mais conforto e mais condições, para que habitem lá mais pessoas e imprimam mais dinamismo àquela zona”, concluiu.

João Paulo Craveiro, Administrador da SRU - Coimbra Viva, mostrou-se muito satisfeito por se encontrar na Sertã, onde possui raízes, a abordar questões relacionadas com a aplicação prática do Regime Jurídico da Reabilitação Urbana, concretamente a Área de Reabilitação Urbana e a Operação de Reabilitação Urbana, como sendo, respetivamente, a área territorialmente delimitada e o conjunto articulado de intervenções que visam a reabilitação urbana de forma integrada de uma determinada área. Foram também abordados os modelos e instrumentos de execução, assim como entidades gestoras.

Vitor Campos, do Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, referiu que “a reabilitação urbana implica modernizar o nosso quadro de vida, no sentido de atualizar e adequar-se a novas necessidades, que são as necessidades da sociedade de hoje”. “A dimensão supra-edifício comportada pela reabilitação urbana permite que ela seja integrada de uma maneira virtuosa, num todo mais geral”.  

“Desafios da construção sustentável na reabilitação de Centros Urbanos Antigos”, foi a temática da apresentação de Raimundo Mendes da Silva, Curador da Candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial da UNESCO. Chamou a atenção para diversas premissas que deverão estar presentes na reabilitação de edifícios, nomeadamente alterar, substituir, melhorar e reparar, devendo conhecer-se a fundo todas as componentes da reabilitação: características, materiais, e tecnologias, entre outras.

Seguiu-se a apresentação da obra de reabilitação do Convento de Santo António, por Paulo Pedroso, que mostrou através de fotografias e grafismos o antes e o depois da reabilitação daquela infraestrutura. César Carvalho, da Câmara Municipal da Sertã, apresentou o Projeto de Reabilitação do Edifício dos Paços do Concelho da Sertã, onde apontou os pontos fracos que precisam de melhoria. Visto tratar-se de um edifício com reconhecido valor arquitetónico com aspetos históricos e culturais associados, importa manter a traça e todos os elementos estruturais do referido edifício.

Após a apresentação, decorreu a assinatura do Contrato de Empreitada de Beneficiação do Edifício dos Paços do Concelho relativo à parte de caixilharias e serralharias. No valor de 118.450€, o contrato foi assinado entre a Câmara Municipal da Sertã, pelo seu Presidente, José Farinha Nunes, e pela empresa Construções Paços do Bonjardim. No total, a obra de beneficiação do edifício tem um custo estimado de 932.885€, sendo 466.442€ comparticipados pela Administração Central e os restantes 466.442€ suportados pela Câmara Municipal da Sertã.

Na sessão de encerramento, José Farinha Nunes, Presidente da Câmara Municipal da Sertã, relembrou o “atual quadro de significativa degradação das nossas áreas urbanas antigas”, referindo que “o desenvolvimento de ações de reabilitação e regeneração urbana devem constituir uma prioridade das políticas públicas nacionais e locais. “A Regeneração Urbana é nos dias de hoje uma importante alternativa para que as empresas de construção civil voltem a crescer, aproveitando as oportunidades criadas com a política de incentivos à recuperação e reabilitação do edificado antigo.

Também o turismo pode ser beneficiado com esta medida. Exemplo disso foi o esforço feito pelo Município da Sertã no encontrar de soluções, que permitiram a recuperação de um importante edifício histórico, como foi o caso do Convento de Santo António, hoje convertido neste magnífico Hotel.”

António Leitão Amaro, Secretário de Estado da Administração Local, no encerramento das jornadas, referiu que a atribuição de apoios para reabilitação de edifícios, reportando-se ao projeto de Reabilitação do Edifício dos Paços do Concelho, ainda não se encontra generalizada, sendo apenas atribuídos aos edifícios cuja história e arquitetura o justifique. António Leitão Amaro referiu também que, só recentemente, o país possui condições para atribuir aquele tipo de apoios. A atribuição de apoios para a recuperação do Edifício dos Paços do Concelho baseou-se na importância cultural e arquitetónica do edifício, objetivando a sua recuperação, conservação e otimização. Ao invés de se construir um novo edifício, o Secretário de Estado referiu que o país está a entrar num novo paradigma, de reabilitar o que já existe, valorizando o que já está edificado.

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