Belgais: Pais lamentam encerramento de ensino artistico na escola da Mata

Pais das crianças da Escola da Mata, em Castelo Branco, lamentam o possível fim do ensino artístico da Associação Belgais mas não pensam mudar os filhos para outro estabelecimento.

 

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  • Publicado: 2009-06-26 09:34
  • Por: Cristina Valente
Pais das crianças da Escola da Mata, em Castelo Branco, lamentam o possível fim do ensino artístico da Associação Belgais mas não pensam mudar os filhos para outro estabelecimento.

Fonte do agrupamento de escolas Cidade de Castelo Branco, ao qual a Escola da Mata pertence, disse à Agência Lusa que só há dois pedidos de mudança entre as cerca de 40 crianças daquele estabelecimento de ensino, por razões particulares não reveladas.

Esta Sexta-feira foi a última visita dos pais à escola antes de partirem para férias, dia agendado para conversarem com os professores sobre a avaliação dos filhos.

Não sabem se no próximo ano lectivo vão continuar a contar com o projecto de ensino artístico integrado (em vez de extra-curricular) nas aulas, com música, artes plásticas e teatro entre outras actividades.

O projecto arrojado foi iniciado pela pianista Maria João Pires, através do Centro para o Estudos das Artes da Associação Belgais, com o objectivo de melhor dotar as crianças para a cultura e as artes.

Um processo de arresto aos bens da associação que estavam na escola e a falta de apoios financeiros levam Joana Pires, a directora da escola e filha da pianista, a considerar a possibilidade de pôr fim o projecto. A proposta poderá ser apresentada numa assembleia-geral da Associação Belgais, a que preside, em data a definir.

“Para mim foi um choque quando soube que o projecto podia acabar”, disse Anja Flier, natural da Alemanha, residente com o marido e dois filhos numa quinta nas margens da barragem de Idanha-a-Nova.

Todas as manhãs levam a filha durante 15 minutos de canoa e outros 15 a pé até à paragem de autocarro. Dali, a aluna podia seguir para a escola de Idanha mas os pais e a criança preferem uma viagem de mais de 30 quilómetros (e os custos do bilhete de autocarro) até à Mata.

“Ela vai para o quarto ano e só está naquela escola por causa do projecto Belgais. Nunca esteve noutra. Aquela abriu-me o coração desde o início. Pela cultura em geral, a música, o teatro, o coro e a dedicação especial dada às crianças”, realçou Anja Flier.

Para já, é a própria filha a querer ficar na escola, “junto com os amigos”. Os pais esperam para ver o que vai acontecer ao projecto. Anja não descarta a possibilidade de transferi-la para outro estabelecimento.

Outra mãe, Manuela Marques, não esconde que a filha “gosta muito das actividades”. “É uma pena se o projecto não continuar, porque a miúda diz que gosta muito e nós víamos que o trabalho era espectacular”, diz a mãe, natural da Lousa - freguesia cujas crianças frequentam a vizinha Escola da Mata.

“Alguns encarregados de educação, como é o meu caso, nem percebem bem por que é aquilo se deu”, acrescenta o pai, António. Com ou sem projecto, refere que a filha, que concluiu a primeira classe, “vai continuar na escola”.

O filho de Bruno Baltazar está na pré-escola da Lousa e por isso vai ingressar na Mata no próximo ano. O pai gostava de que o projecto continuasse, porque “as artes são fundamentais”. Mas “se o projecto não continuar, paciência”.

O projecto de ensino artístico da Escola da Mata e o Coro Infantil de Belgais são os projectos activos da Associação Belgais, fundada pela pianista Maria João Pires em 1999 na propriedade situada no concelho de Castelo Branco.

O espaço acolhe ainda artistas em residência que ali apresentam alguns trabalhos.

A propriedade já foi palco de concertos intimistas da pianista, que em 2006 deixou a direcção de Belgais para passar a ser consultora do projecto. Na altura, Maria João Pires confessou-se desiludida com a falta de interesse de Portugal pela cultura.

O futuro da Associação Belgais e dos seus projectos passa pela assembleia-geral a agendar “para breve”, segundo referiu Joana Pires.

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