Castelo Branco: Maria da Conceição trabalhou num aviário propriedade um subsecretário de Estado do ministro do Negócios Estrangeiros

Maria da Conceição, 81 anos, nasceu em Sousel, mas foi em terras da Beira Baixa, nomeadamente em Proença-a-Velha, que teve a sua infância. Oriunda de uma família humilde, onde o trabalho era a palavra de ordem, estudou na escola primária desta localidade raiana, guardando gratas recordações pelos momentos vividos, como confessa.

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  • Publicado: 2010-12-14 16:00
  • Por: Clementina Leite

Maria da Conceição, 81 anos, nasceu em Sousel, mas foi em terras da Beira Baixa, nomeadamente em Proença-a-Velha, que teve a sua infância. Oriunda de uma família humilde, onde o trabalho era a palavra de ordem, estudou na escola primária desta localidade raiana, guardando gratas recordações pelos momentos vividos, como confessa.
 
“Era a melhor aluna na disciplina de tabuada, admirada pela minha professora, Maria Viegas, e por todos os meus companheiros de escola, que não se cansavam de elogiar a minha capacidade para fazer contas. Também nunca vou esquecer a minha querida professora, pelo carinho que me transmitiu nomeadamente com a morte da minha mãe”, recorda com a voz embargada pela emoção.

Concluída a 3ª classe, dado que naquele tempo, “na sua maioria, os alunos não chegavam a obter a 4ª classe, porque as famílias necessitavam da sua ajuda nos trabalhos agrícolas”, Maria da Conceição foi também trabalhar no campo. “Sempre adorei o campo, a natureza, o convívio salutar entre todas as pessoas. Mondava, apanhava azeitona, entre outras tarefas, que desempenhávamos desde a madrugada até ao por do sol”, diz com um misto de alegria e emoção.

Aos 23 anos, casou com João Afonso da Silva, “um homem com um coração de ouro, sempre muito meu amigo, e trabalhador, que tudo fazia para ajudar a família”, disse com orgulho de uma mulher feliz.

Posteriormente o casal foi trabalhar para um aviário de galinhas localizado nos arredores de Viseu, propriedade do subsecretário de Estado do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Mendonça.

“O senhor governante era um homem dotado de uma enorme inteligência e muito educado, que nos tratava com a maior das delicadezas, nutrindo carinho e amizade por nós. Aquela casa, quase todos os dias, era visitada por gente importante, onde conhecemos todos os ministros do governo na altura. O nosso trabalho consistia em colocar os ovos nas respectivas caixas, que eram transportadas para os mais variados armazéns de Lisboa, uma tarefa que exercíamos com todo o amor”, recorda.

Com o nascimento da filha, Maria da Conceição e o marido, regressaram a Proença-a-Velha, e posteriormente para Castelo Branco, onde um familiar, negociante de leite, convidou o casal a criar um negócio idêntico. “O negócio prosperou, tínhamos muitos clientes, chegando inclusive a vender diariamente cerca de mil litros. Como pessoas sérias que somos, pagávamos o leite aos nossos fornecedores com um prazo de oito dias”, sublinha.

Com uma vida preenchida com trabalho, dedicação e felicidade, Maria da Conceição, já a concluir, salienta com enorme saudade. “Tive sempre o privilégio de estar em paz de espírito, com a consciência tranquila, pelo facto de fazer o que foi possível pelas pessoas que amo”.

Utente do Centro Comunitário João Carlos Abrunhosa, em Castelo Branco, tece rasgos elogios aos profissionais desta instituição, assim como aos seus utentes, pela forma como se sente tratada. “Sempre que posso, vou a casa visitar o meu marido e família, sobretudo aos fins-de-semana. Também durante a semana tenho toda a liberdade para me deslocar para junto dos meus familiares”, conclui.

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