“As danças e os trajes deles em nada se parecem com aquilo que é o folclore português”, disse à agência Lusa Paulo Jerónimo, presidente do Rancho Folclórico da Boidobra, localidade próxima da Covilhã.
O Georgian Folk Dancing Ensemble “Nadabi”, da Geórgia, dança ao som de batuques e instrumentos de sopro que mais fazem lembrar o Médio Oriente, assim como os vestidos cobertos de pedras coloridas das dançarinas, numa coreografia exótica para quem está habituado às modas dos ranchos beirões.
Do México, a Compañia Folklórica Xaman-Ek trouxe trajes exuberantes onde os ‘sombreros’ dos homens e os mil folhos garridos das saias rodadas das companheiras prendem a atenção para ritmos latinos.
“São danças dos bailes típicos do Estado de Guadalajara, mas que se podem ver um pouco por todo o México”, explica José Silva, do grupo centro-americano.
“Nestas danças há sempre o sombreiro, muita garra, muita força e a mulher está o mais bela possível. Os homens tratam de as conquistar”, descreve. Em contraste, as danças portuguesas “são sempre mais tranquilas”, realça.
A Geórgia “gosta de mostrar que é um povo antigo, com muitas tradições e uma língua ancestral”, referiu Patrícia Serralheiro, acompanhante do grupo.
“São essas tradições que gostam de representar nas danças. Por exemplo, gostam de mostrar a forma como fazem o vinho”, acrescentou.
O sol intenso da manhã de sexta feira impediu que houvesse público suficiente na Praça do Município da Covilhã para a realização de uma oficina de dança com a população, mas não travou uma atuação de cada um dos grupos.
Os festivais de folclore já não se de agora, mas o Rancho da Boidobra resolveu apostar num formato diferente com o Festiboidobra.
“Antigamente os grupos vinham até cá, atuavam e iam-se embora. Este festival tem um figurino diferente: eles ficam durante uma semana e há diversas atividades”.
Ao longo dos sete dias de permanência, os dois grupos estrangeiros já passaram por três lares de idosos e têm quatro atuações públicas em cartaz (a última das quais no sábado à noite na vila da Boidobra).
“Os mexicanos estão a gostar imenso de estar por cá, já o grupo da Geórgia não se sente tão confortável por causa do calor”, destacou Paulo Jerónimo. “São estas diferenças entre eles que temos que compreender para satisfazer os pedidos de todos”.
O Festiboidrobra “é uma iniciativa para continuar”, desde que seja assegurada a viabilidade financeira, referiu Paulo Jerónimo.
Este ano, dos seis mil euros orçamentados, só 3500 estão cobertos por patrocínios. O restante vai ter que sair dos cofres da associação.
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