Morreu Francisco Pinto Balsemão com 88 anos

Francisco Pinto Balsemão tinha 88 anos e morreu esta terça-feira. Foi primeiro-ministro entre 1981 e 1983 e fundou o PSD.

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  • Publicado: 2025-10-22 12:27
  • Por: Diário Digital Castelo Branco

No ramo dos media, fundou o jornal Expresso e a SIC. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que se perdeu uma das principais personalidades do país nos últimos 60 anos e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que o Governo pretende declarar um dia de luto nacional.

Em comunicado, o grupo de comunicação que fundou e liderou, a Impresa, informa que Francisco Pinto Balsemão morreu "de causas naturais" e que "os seus últimos momentos foram acompanhados pela família".

Francisco Pinto Balsemão era o militante número um do PSD e foi um dos fundadores do partido, ao lado de Francisco Sá Carneiro e Joaquim Magalhães Mota.A notícia da morte do antigo primeiro-ministro foi transmitida esta terça-feira pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, durante o Conselho Nacional do partido, sendo audíveis aplausos na sala.

Francisco Pinto Balsemão marca também a história de Portugal no campo da comunicação social, tendo fundado o semanário Expresso em 1973, ainda durante a ditadura, e mais tarde, em 1992, a SIC, o primeiro canal de televisão privado a surgir em Portugal. 

Era também membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República. 

Francisco Pinto Balsemão nasceu a 1 de setembro de 1937, em Lisboa. Estudou Direito na Universidade de Lisboa e deu os primeiros passos como jornalista no Diário Popular durante os anos 60. O jornal Expresso surge em 1973, quando tinha 35 anos. 

Numa entrevista ao Expresso, em janeiro de 2023, Pinto Balsemão dizia que continuava a considerar-se jornalista e demonstrava "orgulho" em ter o "número de 18" da Carteira Profissional. 

Na política foi inicialmente deputado da Ala Liberal do Parlamento e, já depois do 25 de Abril, foi ministro adjunto de Francisco Sá Carneiro. Ocupou o cargo de chefe de Governo após o desastre de Camarate, em dezembro de 1980. 

Foi primeiro-ministro entre janeiro de 1981 e junho de 1983 e presidente do PPD/PSD entre 1980 e 1983. Depois deste período, regressou ao jornalismo, tendo mantido um papel ativo nas várias fases do Expresso e também da SIC, acompanhando a transição digital de ambos os projetos. 

A sua última intervenção política aconteceu no último mês de setembro. Numa mensagem escrita, Balsemão declarava o seu apoio ao candidato presidencial Luís Marques Mendes, também ex-presidente do PSD.

Na reação à morte de Pinto Balsemão, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinala que Portugal perde "uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos". 

Numa nota publicada na página da Presidência, o chefe de Estado destaca o papel de Pinto Balsemão como "coautor dos projetos de revisão constitucional, lei de imprensa, lei de reunião e associação e lei de liberdade religiosas", decisivo para "mudar o Portugal" entre o final dos anos 60 e o início dos anos 70.Já depois do 25 de Abril, foi "fundador do PPD, hoje PSD", tendo sido também vice-presidente da Assembleia Constituinte, assinala Marcelo Rebelo de Sousa. 

O atual presidente da República destaca os vários papéis desempenhados por Pinto Balsemão na política portuguesa, desde "parlamentar, governante, presidente do partido, primeiro-ministro", destacando também que foi chefe de Governo "durante a revisão constitucional que pôs termo ao Conselho da Revolução, com a transição para a Democracia plena".

Marcelo Rebelo de Sousa salienta também o papel de Francisco Pinto Balsemão na "afirmação da liberdade de expressão e de imprensa, militando contra a censura e o exame prévio, fundando o Expresso antes do 25 de Abril, criando um novo grande grupo de comunicação social". 

E também já depois do 25 de Abril, ao elaborar "a primeira lei de imprensa democrática" e ao lançar a SIC, "revolucionando o que era a informação no final da ditadura e no início da Democracia". De recordar que o próprio Presidente da República foi jornalista e diretor do Expresso.

"Visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata, social-democrata, europeísta e atlantista, esteve em quase todos os combates de meados dos anos sessenta até hoje", salienta Marcelo Rebelo de Sousa, concluíndo que Portugal "nunca o esquecerá". 

Também na primeira reação à morte de Pinto Balsemão, o atual primeiro-ministro, Luís Montenegro destacou o seu papel como um dos fundadores da democracia portuguesa e afirmou a sua vontade em decretar luto nacional pela morte do ex-governante. 

“Nós fomos sempre muito inspirados nesse ato fundador”, declarou o primeiro-ministro aos jornalistas na noite desta terça-feira.

“É de facto uma notícia muito triste, de alguém que foi sempre muito próximo, que foi sempre muito presente, até ao fim. Sempre com uma palavra amiga, com uma palavra de estímulo, com uma palavra de apreciação, de análise”, recordou.

“Em todas as campanhas eleitorais, em todos os momentos de reflexão, nunca escondeu os seus pontos de vista, e muitas vezes nos espicaçava para podermos aprofundar a social-democracia à luz daquela que é a situação hoje do país, da Europa, do mundo”.

Luís Montenegro relembrou Balsemão como “um democrata, um fundador da nossa democracia, alguém que também representou Portugal exercendo a missão de liderar um Governo e ser primeiro-ministro”.

O chefe de Governo adiantou ainda que esta quarta-feira, no Conselho de Ministros, vai ser discutida a intenção de decretar um dia de luto nacional no dia em que realizarem as cerimónias fúnebres de Pinto Balsemão.

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