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Desertificação avança em Idanha-a-Nova, "hà sete habitantes por cada quilómetro quadrado", alerta demógrafa

A socióloga Maria Filomena Mendes considera que a desertificação do interior do país deverá aproximar-se cada vez mais do litoral nos próximos anos, com uma maior concentração da população nas regiões do Porto, Lisboa ou Algarve.

 

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  • Publicado: 2012-09-12 08:23
  • Autor: Diario Digital Castelo Branco/Lusa

 A socióloga Maria Filomena Mendes considera que a desertificação do interior do país deverá aproximar-se cada vez mais do litoral nos próximos anos, com uma maior concentração da população nas regiões do Porto, Lisboa ou Algarve.

“É quase como se o nosso interior avançasse para o litoral”, disse à agência Lusa a presidente da Associação Portuguesa de Demografia, que será uma das oradoras num encontro de dois dias que começa na sexta-feira, em Lisboa, intitulado Presente no Futuro – Os portugueses em 2030.

A situação é previsível dada a tendência registada na década entre 2001 e 2011, que registou já zonas de “despovoamento e envelhecimento” da população na faixa costeira, acrescentou a demógrafa, professora da Universidade de Évora.

A desertificação humana fica clara quando se olha para as estatísticas: nos concelhos fronteiriços de Alcoutim, Mértola ou Idanha-a-Nova há uma média de sete habitantes por cada quilómetro quadrado. Na Amadora, em Lisboa ou no Porto a taxa ultrapassa as 5.000 pessoas.

Outros indicadores da falta de população no interior podem ser encontrados na redução de explorações agrícolas para mais de metade em 30 anos, baixando de 785.000 em 1979 para 305.000 nem 2009, ou no número de incêndios florestais, que aumentou dez vezes também nas três décadas entre 1980 e 2010, disparando dos 2.349 para os 22.026 fogos anuais.

Ao aumento do número de idosos tem vindo a associar-se a descida no número de filhos por mulher, que se fica atualmente pela taxa de 1,3, a segunda mais baixa do mundo na tabela liderada pela Bósnia-Herzegovina, como 1,1, de acordo com dados revelados pelas Nações Unidas em outubro do ano passado.

Uma projeção apresentada num encontro realizado pelo Presidente da República em Cascais, em fevereiro, indicava que em 2030 haverá no país duas pessoas com mais de 65 anos por cada jovem com menos de 15, relação que passará a ser de 2,67 para um em 2050. Atualmente, é de 1,29 para um.

Mesmo que, como preveem as projeções citadas por Maria Filomena Mendes, a taxa de fecundidade em Portugal venha a aumentar para 1,6 filhos por mulher, ou possa mesmo chegar, nos cenários mais otimistas, a 2,0 ou 2,1, valores que permitiriam manter o equilíbrio populacional.

Essa realidade não vai ocorrer, garante a cientista, porque o número de mulheres em idade de terem filhos vai continuar a diminuir, pelo que o saldo será sempre negativo.

Projeções publicadas pelo Instituto Nacional de Estatística em 2009 apontam para que, sem emigração nem imigração, a população portuguesa ira descer mais de dois milhões de pessoas nos próximos 50 anos, ficando-se pelos 8,1 milhões de habitantes em 2060.

Embora a baixa de fecundidade tenha sido uma tendência geral nos países ocidentais, Portugal aparece como único caso onde essa realidade se mantém.

Comparativamente, até mesmo noutros países do sul da Europa como Espanha ou Itália "já começaram a recuperar" a taxa de fecundidade, salienta Maria Filomena Mendes.

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